A ataxia de Friderráichi, uma doença rara tem afetado a população no Sul do Piauí e preocupado autoridades. Cerca de 800 pessoas em todo o Brasil foram diagnosticadas com a enfermidade. Somente em Acauã-PI, 62 moradores podem ter o transtorno neurodegenerativo e sem cura. Desse total, 30 já foram confirmados.
Os sintomes incluem dificuldade para andar e manter o equilíbrio, fraqueza e dormência que começa nas pernas e se espalha para os braços e tronco, fala arrastada e perda de reflexos. A condição costuma aparecer na juventude e piora com o tempo.
A fundadora do movimento Ataxia de Friedreich Brasil, Amália Maranhão, explicou à TV Clube que a progressão da doença resulta em dificuldades na autonomia da pessoa.
“Fica mais difícil com o tempo colocar comida na boca, movimentar as pernas, acaba indo para cadeira de rodas porque não consegue coordenar os passos”, frisou.
A dona de casa Elizete Júlia Coelho e o irmão sofrem com o problema. Antes da ataxia de Friderráichi, ela trabalhava como agricultora e realizava diversas atividades.
“Eu fazia de tudo na roça, até algodão, que teve algodão antes, hoje é que não tem mais. Carregava até água. Para trás, o pessoal carregava água era na cabeça, as latas d’água. Cansei de fazer isso”, explicou.
Outra dona de casa, Eliene Sousa, começou a sentir os sintomas quando tinha por volta dos 12 anos e ninguém na comunidade sabia explicar do que se tratava.
Apesar de nunca ter feito exames, ela soube o que era o problema ao ouvir por acaso outras pessoas comentando que ela tinha a doença. A mulher chegou a ser diagnosticada, mas a indisponibilidade de tratamento na região é um entrave na luta contra o transtorno.
“Desde muito cedo que eu percebi algumas coisas, principalmente ao caminhar, ao andar. Percebi que tinha muita dificuldade de correr. Aí também fui criada naquilo que a gente poderia ter por conta que as nossas famílias antepassadas tinham, né? Ninguém tinha coragem de chegar para mim e falar que eu tinha”, disse.
A alternativa seria o uso de um novo medicamento aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que custa cerca de R$ 500 mil por caixa e não é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O prefeito da cidade, Reginaldo Rodrigues, que também foi diagnosticado com a enfermidade, sabe bem o que a população afetada tem vivido. Com o objetivo de conscientizar os moradores sobre a condição, o gestor tem levado médicos de Teresina-PI educativas sobre o tema.
“A ataxia precisa de mais consciência. E eu trouxe para Acauã, através dos médicos que estou trazendo de Teresina. Importa muito porque muita gente não tinha consciência da doença e se sentia mal, é mais pior a situação”, analisou.
A expectativa dos moradores agora é que o poder público dê mais atenção ao assunto e disponibilidade o tratamento e a medicação gratuitamente para a Acauã.
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