
Em evento sobre expansão do Ensino Médio Técnico no estado, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que o “diploma cada vez tem menos relevância”. No entanto, os dados mostram que essa afirmação não corresponde à realidade, especialmente quando observamos o valor do ensino superior para o desenvolvimento profissional e para a redução das desigualdades.
De acordo com os microdados da PNAD do segundo semestre de 2025, quem possui Ensino Superior completo tem uma renda média de R$ 6.522,00, enquanto quem tem apenas o Ensino Médio completo e não cursa o nível superior recebe, em média, R$ 2.509,00. Ou seja, quem tem diploma universitário ganha aproximadamente 160% a mais. Tal diferença evidencia que a educação superior ainda é um dos principais motores de mobilidade social e prosperidade econômica.
Além disso, o acesso ao diploma ainda é restrito no Brasil. Segundo o Censo de 2022, apenas 19,4% da população com 25 anos ou mais concluiu a faculdade ou a universidade. Em comparação, a média dos países desenvolvidos da OCDE é de 49%. Estamos, portanto, atrasados na formação de mão de obra qualificada, justamente o tipo de capital humano que impulsiona economias modernas.
As desigualdades ficam ainda mais evidentes quando analisadas por raça ou cor. Entre os brasileiros com diploma superior, 62,3% são brancos, enquanto pretos e pardos, que juntos representam mais da metade da população adulta, aparecem com apenas 29,2% e 7,1%, respectivamente, nesse grupo. Ou seja, o acesso à educação superior ainda é desequilibrado, o que reforça ciclos de desigualdade e limita o potencial de desenvolvimento nacional.
Gráfico 1: Proporção da população de 25 anos ou mais e taxa de conclusão do ensino superior, por cor/raça – Brasil (%)

Diante desses números, fica claro que a frase honesta e necessária para melhorar a vida da população não é a que desvaloriza o diploma, mas sim a que reconhece: “A educação superior tem relevância crescente”, tanto para o crescimento salarial quanto para a construção de uma sociedade mais justa e competitiva. Frente a essas evidências, é inevitável questionar: por que um governante escolhe minimizar a importância do diploma em vez de expandi-lo? Essa questão, e seus possíveis interesses políticos, será tema da nossa próxima análise.
Francisco Robert Bandeira Gomes da Silva
Doutor em Sociologia
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