Moradores de bairros que margeiam a linha férrea de Teresina, no trecho que vai da Matinha à Piçarra, denunciam a precariedade da estrutura no entorno dos trilhos. A região, cortada por 16 viadutos, apresenta problemas estruturais graves, como muretas destruídas, erosões e acúmulo de lixo, gerando insegurança para quem transita pelo local.

Laura, que reside no bairro Marquês (zona Centro-Norte) há mais de 20 anos, relata que a queda das muretas de proteção é frequente, somada à quantidade de buracos na via. A situação de abandono se repete em trechos vizinhos, como no bairro Mafuá.

Para o comerciante Robert Leão, a falta de manutenção exige uma intervenção urgente. Segundo ele, a área deveria receber cobertura e seguir normas de segurança semelhantes às de metrôs em grandes capitais.

“A gente fica segregado, separado do outro lado do centro. As paredes estão todas quebradas por vândalos e o local serve como descarte ilegal de lixo e animais mortos. A gente vê isso todo dia”, desabafa Robert.

Insegurança e prejuízos

A degradação do espaço transformou o entorno da linha férrea em ponto de abrigo para usuários de drogas e criminosos. Moradores relatam assaltos constantes e furtos de fiação e centrais de ar-condicionado, o que tem desvalorizado os imóveis na região.

Além da violência, o risco de acidentes físicos preocupa. Em alguns pontos, a ausência de grades de contenção expõe pedestres ao perigo de queda na via férrea. O problema é agravado por erosões no solo, que se tornam mais evidentes durante o período chuvoso.

Carlos Kaiser, conselheiro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Piauí (CAU/PI), alerta que a questão impacta diretamente a mobilidade urbana.

“É um importante ponto de travessia e as pessoas dependem da via para se locomover. Imagina a pessoa transitando ali e acontece um acidente? É um problema sério”, pontua o especialista.

Investimentos previstos

O Governo do Piauí, com verbas do Governo Federal, anunciou um investimento na ordem de R$ 500 milhões para a modernização do metrô de Teresina. O projeto inclui a duplicação da linha, reforma e construção de estações, além da compra de novos veículos. No entanto, a população cobra ações imediatas para a manutenção das estruturas atuais no entorno dos trilhos.

Outro lado

O Portal ClubeNews entrou em contato com a SDU Centro. Em nota, o órgão informou que a responsabilidade pela manutenção do muro e das grades da via férrea é da Companhia Ferroviária e de Logística do Piauí (antiga Companhia Metropolitana).

A SDU informou ainda que notificou a Companhia sobre a precariedade da estrutura e recebeu como resposta que o trecho já está no planejamento de execução de obras.

A reportagem tentou contato com a Companhia Ferroviária, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para esclarecimentos.