
Isadora Cavalcante* e Ângela Bispo/TV CLUBE
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Nesse último fim de semana, o futebol ficou marcado por mais dois casos de racismo durante jogos em estádios. O primeiro foi destaque mundial: o jogador brasileiro, Vinicius Jr., foi chamado de macaco no campeonato espanhol. O outro, aconteceu no Piauí, quando um torcedor foi preso em flagrante após chamar o goleiro do time Ypiranga-RS de “uva preta”.
A promotora de Justiça, Myrian Lago, da Promotria dos Direitos Humanos do Ministério Público do Piauí, comentou que essas atitudes racistas em campo são apenas “a ponta do iceberg” do que é o racismo estrutural, enraizado na sociedade, desde o período imperial, de 1822 a 1889, no Brasil.
“Essa é apenas a ponta do Iceberg, estamos tratando de um problema estrutural. Às vezes, a pessoa é racista, ou prática racismo, por desconhecimento. Mas o racismo estrutural não pode ser desculpa para que a pessoa deixe de se responsabilizar. É importante desse momento, ir muito além do futebol, que isso não é um problema só das pessoas negras, mas sobretudo das pessoas brancas”, completou a promotora.
NOVO TERMO DE CONDUTA
No Piauí, nos anos de 2019 e 2020, o Ministério Público do Piauí e a Federação Piauiense de Futebol realizaram ajustamento de condutas dentro do campo de futebol. No entanto, a promotora Myrian Lago comentou que diante dos novos casos de racismo é necessário um novo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
“Diante dos últimos casos rumorosos é necessário a gente renovar a parceira com a Federação Piauiense. Um dado que colhemos ontem (22/05), é que nenhuma reclamação nesse sentido chegou ao Ministério Público, em Teresina, desde o último ajuste de conduta. Dessa vez pensamos que esse acordo avance mais, não apenas no sentido de punições. O que pretendemos é envolver toda a sociedade nessa discussão”, disse Myrian Lago.
Sobre a situação do jogador Caíque, do Ypiranga-RS, a promotora de Justiça pontuou que, ao contrário da capital espanhola, Teresina mostrou ter uma posição de não aceitação do ato de racismo no futebol.
“Aquilo que aconteceu contra o jogador Caíque, do Ipiranga, não aconteceu em Madri, por exemplo. Então, você vê uma das capitais mais importantes da Europa e, na capital Teresina, teve um exemplo bom, porque o arbitro parou a partida diante da solicitação do jogador, houve a detenção da pessoa, todo o procedimento vai gerar uma ação criminal e medidas no sentido de punição serão tomadas”, destacou.
Como denunciar casos de racismo e injúria racial?
Em uma emergência, se o crime estiver acontecendo naquele momento, a vítima pode chamar a Polícia Militar por meio do Disque 190. Além de fazer parar a agressão, a PM pode prender o agressor e levá-lo à delegacia Se o crime já aconteceu, procure a autoridade policial mais próxima e registre a ocorrência.
A cartilha do Ministério da Justiça e cartilhas de Ministérios Públicos estaduais destacam que, se o agente policial registrar a denúncia como um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), a vítima pode insistir que o crime não é de menor potencial ofensivo e que deve ser investigado por meio de inquérito.
O governo federal tem o Disque Direitos Humanos – Disque 100, em que é possível apresentar denúncias de racismo e discriminação.
Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
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