Mayrla Torres*, Luana Fontenele e Francisco Lima/TV Clube
mayrlatorres@tvclube.com.br
A falta de ônibus nos horários regulares obrigou alguns estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI), na zona Leste de Teresina, a mudarem a rotina dentro da instituição. Para conseguir pegar o transporte coletivo, eles precisam deixar a sala antes do término da aula.
As aulas na universidade acontecem das 8h até às 22h, mas muitos alunos, como Isadora Calasso, precisam abandonar o campus antes do fim das aulas noturnas devido à falta de ônibus.
“Para quem paga disciplina aqui se for depender de ônibus, não tem como. A pessoa vai ter que arrumar a carona com alguém, vai ter que pagar alguém para vir buscar e deixar, ou então vai de Uber, porque não tem como pegar ônibus. Prejudica muito o avanço do meu curso, prejudica muito os demais alunos”, lamenta Isadora.
Sarah Silva, que morava na zona sul de Teresina, chegou a mudar de casa para outra mais próxima da UFPI devido à dificuldade com transporte. “O motivo crucial foi a falta de ônibus nos horários que eu queria para poder estudar, pesquisar e atuar diante toda a representação estudantil. Como também para eu conseguir, de fato, não me desesperar, não ter ansiedade para tudo”, conta.
Diante do problema, os professores também estão adaptando suas rotinas. José Renato, professor da UFPI, afirma que tem liberado os alunos mais cedo.
“Os estudantes precisam sair uma hora antes do término da aula para conseguir chegar em casa em horário razoável. Isso afeta diretamente a formação deles, pois perdem conteúdos e não conseguem acompanhar adequadamente o restante da aula”, explica.
Pedro Victor, estudante da UFPI, descreve o sentimento como sendo de revolta. “A gente está falando de um cenário da Universidade Federal do Piauí que tem cerca de 20 mil estudantes, sem contar os técnicos, a população que vem para o Hospital Universitário e os moradores do bairro Ininga. O transporte público não é só para o deslocamento de entrada e saída dos estudantes, mas também toda a demanda do bairro”.
*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
