Lucélia Maria da Conceição, de 53 anos, passou por uma audiência de custódia nesta segunda-feira (17) após ser acusada de envenenar os irmãos Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7 anos, no ano passado, em Parnaíba. A defesa da mulher, que era vizinha da família onde oito pessoas morreram vítimas de envenenamento, busca provar sua inocência.
O advogado de defesa da acusada, Sammai Cavalcante, afirmou em entrevista à TV Clube que a audiência foi positiva para sua cliente, destacando a atuação do delegado, da juíza e do promotor envolvidos no caso.
Ele acrescentou que a defesa aguarda agora a fase das alegações finais para que a inocência de Lucélia seja oficialmente reconhecida.
“Estamos confiantes de que, com os depoimentos colhidos, não há mais elementos que sustentem uma condenação. Acreditamos que esse processo está perto do fim, e a verdade será restabelecida”, afirmou.
Próximos passos
O advogado explicou que, para que a inocência de Lucélia seja oficialmente declarada, é necessário aguardar a apresentação das alegações finais. “Faltam as alegações finais, que poderiam ter sido ofertadas hoje na ata de audiência. Realmente, eu não vejo mais como isso possa evoluir para um decreto condenatório, pela prova que foi apresentada”, afirmou Sammai Cavalcante.
Relembre o crime
Lucélia Maria da Conceição foi presa em flagrante em 23 de agosto de 2024, após a internação dos irmãos Ulisses Gabriel, de 8 anos, e João Miguel, de 7 anos, em Parnaíba. Ulisses faleceu em agosto e João Miguel em novembro. A suspeita inicial era de que Lucélia teria oferecido cajus envenenados às crianças, mas um laudo do Instituto de Criminalística descartou a presença de veneno nos frutos. O caso foi reavaliado após a morte de outras cinco pessoas da mesma família, vítimas de intoxicação pela mesma substância.
A acusação contra Lucélia foi baseada em exames que apontaram a presença de terbufós, um pesticida altamente tóxico, nos corpos dos meninos. Além disso, a polícia encontrou veneno na residência da acusada, o que levou à conversão da prisão em flagrante para preventiva. Em outubro de 2024, o inquérito foi concluído, e Lucélia foi indiciada por homicídio qualificado e tentativa de homicídio, com a qualificadora de motivo torpe.
Principais suspeitos
As investigações revelaram que as crianças foram envenenadas por Francisco de Assis, que teria colocado a substância terbufós em um suco e dado às vítimas. Ele teria criado a versão de que os meninos passaram mal após comerem cajus, apontando Lucélia como responsável pelos envenenamentos.
A Polícia Civil do Piauí identificou Maria dos Aflitos e Francisco de Assis como os únicos responsáveis pelo envenenamento de filhos, netos e uma vizinha em Parnaíba, onde, em menos de seis meses, oito pessoas, sendo sete da mesma família, morreram após ingerirem alimentos contaminados com terbufós, um pesticida altamente tóxico e de venda controlada no Brasil.
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