O Brasil enfrenta, em 2025, mais um ciclo de taxas de juros elevadas — um cenário que historicamente impõe obstáculos significativos ao empreendedorismo. Com a taxa Selic operando em patamares ainda elevados, o custo do crédito se torna mais caro, o consumo desacelera, e os investimentos privados tendem a sofrer retração. Nesse contexto, os empreendedores precisam agir com inteligência, preparo técnico e capacidade de adaptação para manter a competitividade e, acima de tudo, a sustentabilidade de seus negócios.
Mas afinal, como agir quando o dinheiro encarece e a margem para arriscar diminui? Aqui vão alguns pontos atenção como dicas importantes:
- Gestão Financeira: o alicerce em tempos de crise
A primeira expertise fundamental para o empreendedor em tempos de juros altos é o domínio da gestão financeira. Ter um controle rígido do fluxo de caixa, das contas a pagar e a receber, e da formação de preços é imprescindível. O empreendedor precisa entender não apenas quanto está vendendo, mas o quanto está lucrando — e, principalmente, onde está perdendo.
Além disso, é hora de revisar contratos com fornecedores, renegociar prazos e buscar formas de capital de giro com taxas menos onerosas, como linhas subsidiadas (BNDES, Pronampe) ou financiamentos com garantia. Evitar empréstimos com juros flutuantes é também uma medida estratégica.
- Planejamento Estratégico e Flexível: visão de médio e longo prazo
Muitos negócios quebram não pela falta de vendas, mas por ausência de planejamento. Em um ambiente de incerteza e crédito caro, a capacidade de planejar cenários é vital. O empreendedor precisa mapear os riscos, identificar oportunidades de diversificação e traçar planos de ação realistas.
Modelos de negócios que dependem fortemente de alavancagem financeira ou que operam com margens muito apertadas devem ser reavaliados. É necessário pensar estrategicamente.
- Mentalidade Analítica e Uso Inteligente de Dados
Em momentos de crise, decisões intuitivas ou baseadas apenas na experiência podem custar caro. O empreendedor moderno precisa desenvolver uma mentalidade analítica, utilizando indicadores de desempenho (KPIs), análises de clientes e de mercado para fundamentar suas decisões.
Ferramentas como BI (Business Intelligence), dashboards de vendas e sistemas de gestão (ERP) não são luxo — são instrumentos de sobrevivência. Saber interpretar dados pode permitir o corte de custos desnecessários e o redirecionamento de esforços para os canais e produtos mais rentáveis.
- Habilidade de Negociação e Relacionamento com Parceiros e Sócios
Com juros altos, o poder de barganha ganha destaque. O empreendedor deve desenvolver suas habilidades de negociação com bancos, fornecedores e até clientes. A capacidade de criar boas parcerias, manter um relacionamento transparente com credores e se posicionar como um negócio confiável pode ser determinante para obter condições mais favoráveis.
Além disso, a negociação interna com a equipe também é importante: redefinir metas, redirecionar funções e manter o time motivado diante das adversidades é uma competência de liderança essencial.
- Inovação e Resiliência como Cultura de Negócio
Crises econômicas, como as provocadas por ciclos de juros elevados, também são grandes aceleradoras de inovação. Empresas que conseguem se reinventar, digitalizar processos, atender novos nichos ou entregar mais valor com menos recursos tendem a sair mais fortes.
Isso exige não apenas criatividade, mas também resiliência: a disposição para persistir, ajustar rotas e enfrentar a realidade com racionalidade e coragem.
Portanto, é necessário aplicar um Modelo Liderança Proativa em Tempos de Adversidade para fazer frente ao atual cenário da economia.
Empreender com juros altos não é impossível — mas exige preparo técnico, inteligência emocional e, acima de tudo, visão estratégica. Em vez de esperar melhores condições macroeconômicas, os empreendedores brasileiros precisam se preparar para atuar apesar delas.
Neste cenário, os vencedores serão aqueles que transformarem desafios em oportunidades de aprendizagem e crescimento. Desenvolver expertise em gestão, planejamento, análise, negociação e inovação não é uma opção: é a base para não apenas sobreviver, mas prosperar. Afinal, como já dizia Peter Drucker: “Em tempos de turbulência, a maior ameaça não é a turbulência em si, mas agir com a lógica do passado.”
Mário Augusto Teles
Economista e Especialista em Estratégia de Marketing e Finanças para Empreendedores
