Você já ouviu falar em bronquiolite? Este diagnóstico de nome estranho e, até pouco tempo, raramente citado na mídia passou a ter uma divulgação mais frequente recentemente. Isso se deu pela grande incidência da doença lotando atendimentos de urgência, vagas em enfermarias e de UTI pediátricas, sendo a principal causa de internações hospitalares em crianças de até 2 anos de idade com maior acometimento até os 6 meses.

A doença se desenvolve principalmente por acometimento viral das pequenas vias aéreas dentro do pulmão, provocando edema, morte dos tecidos e aumento da produção de muco o que determina obstrução destas delicadas estruturas. Sua apresentação inicialmente se dá com sintomas gripais, como coriza, congestão nasal, tosse e febre e então surge respiração rápida, superficial e ruidosa com claro sinal de desconforto respiratório para criança podendo levar à morte. Contrariando a cultura popular que supervaloriza os exames, o diagnóstico é feito apenas pela avaliação da história e do exame físico, tendo os exames como auxiliares apenas para excluir outros problemas.

O principal causador de toda esta questão tem nome e sobrenome: Vírus sincicial respiratório (VSR).

Este corresponde por 75 a 80% dos casos de bronquiolite no nosso meio. E é agora, depois de toda essa apresentação, que vou chegar onde queria. Foi liberada para o uso comercial uma vacina contra o VSR que deve ser aplicada em gestantes no segundo ou terceiro trimestre da gestação que protege o bebê até o 6º mês de vida, período onde verificamos maior gravidade dos casos. Os pais assustados que hoje acompanham seus filhos com a doença certamente gostariam de voltar no tempo para providenciar a dose única do imunizante para evitar a angústia atual. Por isso, é fundamental que se divulgue e facilite o acesso à vacina para TODAS as gestantes do país. Atualmente ela se encontra disponível apenas na rede privada, no entanto o ministério da saúde promete já disponibilizá-la na rede pública a partir do segundo semestre de 2025. 

Quando possível, VACINE-SE (indicação/orientação/sugestão/ordem válida para TODAS as doenças com vacinas disponíveis)!

Máriton Borges – Otorrinolaringologista com subespecialidade em otoneurologia