
O envelhecimento é fruto de um processo biológico. Mas a maneira como envelhecemos depende menos da nossa genética e muito mais das crenças que carregamos sobre a velhice. Isso é o que a Dra. Becca Levy descobriu com suas pesquisas e expôs no livro: “A coragem de envelhecer”. Ela explica que adquirimos crenças na infância sobre o que significa a velhice. Essas crenças nos acompanham ao longo da vida, se tornam fortes, atuam inconscientemente e impactam no nosso comportamento, na nossa saúde física e mental.
As crenças a respeito da idade são ideias sobre como imaginamos que as pessoas idosas devem viver, se comportar e se relacionar, baseado na idade delas. Sabia que não há um marco biológico que define quando seremos velhos? Mas a cultura define quando devemos nos sentir velhos, o que não é necessariamente compatível com a idade cronológica real que carregamos. Você se recorda sobre o que você ouviu falar a respeito de envelhecimento na sua família e nos círculos sociais? Havia algo de positivo associado à velhice?
Pesquisas da Dra. Becca Levy mostram que podemos perder ou ganhar até 8 anos de vida a depender das crenças que internalizamos a respeito do envelhecimento. Pessoas que cultivam crenças negativas sobre envelhecer correm mais riscos de não cuidar da saúde física, não se exercitar, não estimular a cognição e, consequentemente, perder neurônios e memória. Ou seja, o etarismo estrutural é um mito que compromete a longevidade.
O etarismo relaciona o envelhecimento com eventos inevitáveis e fatais como a incapacidade física, cognitiva e mental, a perda de memória, o adoecimento e a morte. Esse cenário é um prato cheio para que as pessoas se sintam estressadas e envergonhadas, cultivem sentimentos de inutilidade e, consequentemente, uma baixa autoestima no processo de envelhecimento.
Dessa forma, envelhecer se tornou algo a ser temido, negado e evitado. Nesse contexto, a indústria antienvelhecimento vende a falsa ideia da longevidade associada a juventude eterna. Veja como ela reforça as visões negativas e preconceituosas sobre a velhice. Por outro lado, as visões positivas a respeito do envelhecimento ajudam na recuperação de problemas de saúde e beneficiam a longevidade, pois associam a velhice à vitalidade, resiliência e sabedoria.
A partir desses conhecimentos, há sugestões para que possamos reforçar visões positivas sobre o envelhecimento e agir contra o etarismo:
· identificar as suas idéias negativas e positivas relacionadas à idade
· observar como os meios de comunicação projetam imagens negativas da velhice
· entender que as idéias negativas podem causar problemas de saúde e de memória
· refletir sobre os malefícios da cultura do etarismo
· combater o etarismo com posicionamento, reclamação e protesto.
Ou seja, não se cale a respeito!
Dra. Andréa Rufino – CRM/PI 2006, RQE 434 e 1484
Ginecologista e Sexologista