
Uma análise inspirada nas ideias do economista Paulo Guedes e de Ray Dalio, especialista em hedge fund e fundador da Bridgewater Associates
O CONTEXTO GLOBAL: MUNDO EM REORDENAÇÃO E PODER EM TRANSFORMAÇÃO
Segundo Ray Dalio, vivemos um momento raro na história em que ocorre simultaneamente:
• Mudança na ordem econômica global;
• Crescimento do endividamento público e tensões inflacionárias;
• Conflitos geopolíticos em ascensão;
• Desgaste de instituições internas e polarização ideológica nos países ocidentais.
Dalio mostra que esses ciclos — de ascensão e queda de impérios e sistemas monetários — se repetem. Para ele, nações que sobrevivem a essas transições são aquelas que mantêm coesão interna, competitividade econômica e capacidade de adaptação estratégica.
Nesse mesmo espírito, Paulo Guedes, com sua visão liberal, enfatiza que liberdade econômica, responsabilidade fiscal e inserção global competitiva são os pilares para que o Brasil finalmente aproveite seu potencial natural e humano. Guedes defende um Estado mais leve e mais funcional, a serviço da economia real.
OPORTUNIDADES REAIS: O BRASIL COMO POTÊNCIA ENERGÉTICA E AGRÍCOLA
Com base nessas duas visões, o Brasil ocupa uma posição estratégica no novo mundo multipolar:
• É uma potência agrícola consolidada, com papel-chave na segurança alimentar global;
• Possui uma das matrizes energéticas mais limpas e diversificadas do mundo, com potencial em energias renováveis, pré-sal, biocombustíveis e hidrogênio verde;
• Tem uma população jovem, empreendedora e conectada, além de vasto território e recursos naturais.
No entanto, como apontam tanto Dalio quanto Guedes em seus respectivos campos, potencial não se realiza sem ação estratégica, coesão institucional e visão de longo prazo.
O RISCO DO PROTECIONISMO E O ERRO DO IDEOLOGISMO
Com a volta de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e a escalada do protecionismo comercial, o Brasil enfrenta novas barreiras às suas exportações, como a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, afetando aço, proteína animal, derivados agrícolas e manufaturados.
Dalio alerta que quando grandes potências se tornam mais protecionistas e autárquicas, elas forçam o realinhamento dos países periféricos. Sem estratégia, essas economias acabam presas à volatilidade externa ou subjugadas a uma nova potência dominante — seja EUA, China ou outra.
Paulo Guedes, quase como um visionário, previa esse risco quando dizia:
“Se não abrirmos nossa economia com inteligência, vamos acabar vendendo soja e comprando chips para sempre.”
Por outro lado, internamente, o Brasil trava seu próprio crescimento ao permitir que ideologias partidárias se sobreponham aos interesses econômicos nacionais. Isso se traduz em:
• Paralisação de reformas estruturantes;
• Rejeição de investimentos privados por razões ideológicas;
• Politização da política externa e das decisões econômicas;
• Instabilidade regulatória, fiscal e institucional.
Tanto Dalio quanto Guedes concordam: governos que priorizam o embate ideológico em detrimento da competitividade econômica abrem espaço para estagnação, perda de capital e enfraquecimento da soberania.
CAMINHOS PARA O BRASIL EM UM MUNDO EM TRANSIÇÃO
- Realismo estratégico e neutralidade ativa
Como defende Ray Dalio, o Brasil deve agir como potência autônoma, com base em seus interesses, mantendo relações pragmáticas com EUA, China, Europa e países do Sul Global, sem se alinhar cegamente a nenhum eixo ideológico.
- Abertura econômica gradual e inteligente
Inspirado por Guedes, é preciso reduzir tarifas, modernizar o Estado e atrair capital privado, com segurança jurídica e estabilidade fiscal. Não se trata de ser contra o Estado, mas de dar a ele uma função mais eficaz, sem sufocar o setor produtivo.
- Reforma do Estado, produtividade e meritocracia
Na lógica dos dois autores, um país forte é aquele que investe em capital humano, simplifica o sistema tributário, reduz privilégios e premia a eficiência.
- Resiliência institucional e combate à polarização
O Brasil precisa restaurar o equilíbrio entre os Poderes e a confiança nas instituições, sem ceder ao populismo de qualquer espectro. A estabilidade interna será o ativo mais valioso na nova ordem mundial.
VALE A PENA REFLETIR: O BRASIL SE POSICIONA ENTRE DOIS FUTUROS
Ray Dalio mostra que países que não se adaptam ao novo ciclo de poder perdem relevância, sofrem crises internas e caem na armadilha da estagnação ou da submissão externa. Paulo Guedes, por sua vez, afirma que o Brasil pode dar certo — mas precisa parar de atrapalhar a si mesmo com burocracia, corporativismo e ideologização das decisões econômicas.
Se o país adotar uma agenda baseada em princípios sólidos, pragmatismo comercial e racionalidade fiscal, poderá se tornar um dos grandes beneficiários da transição global.
Mas se insistir em priorizar narrativas ideológicas — seja à esquerda ou à direita —, o Brasil desperdiçará mais uma geração de oportunidades.
Mário Augusto Teles
Economista e Especialista em Estratégia de Marketing e Finanças para Empreendedores
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