14 de agosto de 2025

Piauienses eram recrutados por carros de som e grupos de WhatsApp para trabalho análogo à escravidão, diz MTE

O MTE encontrou o grupo em um canteiro de obras de uma usina de etanol em condições degradantes de alojamento.

Mayrla Torres

Repórter
Publicado há 2 dias

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Incêndio em alojamento no MT (Foto: MTE)

Piauienses estão entre os 563 trabalhadores resgatados, na última quarta-feira (6), em Porto Alegre do Norte, a cerca de mil quilômetros de Cuiabá (MT), após operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O MTE contabiliza o número de trabalhadores por naturalidade e vai divulgar em breve.

Segundo a fiscalização, eles eram recrutados principalmente nos estados do Maranhão, Pará e Piauí por meio de carros de som e mensagens em grupos de WhatsApp, com promessas falsas de altos salários e pagamento de horas extras.

Os auditores-fiscais encontraram o grupo em um canteiro de obras de uma usina de etanol, na zona rural do município, em condições degradantes de alojamento. A ação foi deflagrada após um incêndio atingir o principal alojamento da usina. Os quartos em que os trabalhadores ficavam eram pequenos e superlotados, com falta de ventilação, água e energia.

“A operação teve início em 28 de julho e contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT), apoio da Polícia Federal e do Projeto Ação Integrada (PAI). O fogo teria sido provocado por alguns operários em protesto contra as constantes falhas no fornecimento de energia elétrica e água potável”, disse o MTE.

Muitos trabalhadores perderam todos os seus pertences no fogo e outros ficaram feridos durante o incêndio.

“Após o incêndio, parte dos trabalhadores foi transferida para casas e hotéis em Porto Alegre do Norte e em Confresa (MT), a cerca de 30 quilômetros da obra. No entanto, muitos continuaram em condições degradantes […] Outro grupo chegou a ser acomodado em um ginásio de esportes de um município vizinho”, detalhou.

A investigação também identificou que parte dos operários pagou atravessadores para garantir as vagas, enquanto outros tiveram o custo da viagem descontado do salário.

Além disso, havia jornadas exaustivas, controle paralelo de ponto e pagamento “por fora”, sem registro em contracheque nem recolhimento de FGTS e INSS.

A empresa responsável se comprometeu a custear o retorno dos trabalhadores aos estados de origem, devolver os valores cobrados pela viagem e pagar R$ 1 mil por bens perdidos no incêndio.

Os resgatados terão acesso ao seguro-desemprego especial e às verbas rescisórias. “Os auditores-fiscais permanecem no local acompanhando os desdobramentos da operação e zelando pela garantia dos direitos dos trabalhadores”, informou o MTE.


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