A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Teresina, que atende atualmente 545 pessoas, enfrenta uma grave crise financeira. A dificuldade em manter as despesas já provocou a demissão de funcionários e a redução de alguns serviços prestados às famílias.

Cleide Alves, mãe de uma adolescente com paralisia cerebral, relata que há quase um ano o transporte oferecido pela instituição deixou de funcionar. Segundo ela, a suspensão tem dificultado a rotina de atendimento da filha, que depende de sessões multidisciplinares duas vezes por semana.

Outro benefício afetado foi a entrega de cestas básicas, que também sofreu cortes. A preocupação de famílias atendidas é de que a instituição possa fechar as portas.

“Antes vinha arroz, café, agora não tem mais café e o arroz reduziu. Diminuiu muito. Vai chegar o dia em que a gente vai chegar lá e as portas vão estar fechadas. Tenho medo, porque muitos funcionários já foram embora e o atendimento mudou”, completou Cleide.

Déficit mensal

Fundada há 51 anos, a APAE de Teresina tem arrecadação mensal de cerca de R$ 200 mil, oriunda de doações e repasses de emendas parlamentares. No entanto, as despesas chegam a R$ 380 mil, o que representa um déficit de R$ 180 mil por mês.

Na última sexta-feira (29), a sede não realizou atendimentos, mas a atual administração afirmou à TV Clube que a entidade não corre risco de encerrar as atividades, apesar da crise.

Segundo o presidente da instituição, Exton João Porfírio, os serviços seguem funcionando, mas a demanda é maior que a estrutura disponível. “Hoje a APAE tem 545 assistidos. Não é possível oferecer transporte para todos, mas aqueles que já recebiam continuam a receber”, explicou.

Sobre as cestas básicas, Exton disse que elas dependem de doações voluntárias, que diminuíram nos últimos meses. O presidente destacou ainda a necessidade de maior apoio do poder público para equilibrar as contas da instituição.

“Nós estabelecemos critérios para contemplar os que mais precisam. Existe, sim, esse déficit mensal, mas, mesmo com essa diferença de receita e despesa, os serviços vêm sendo mantidos. Ninguém deixou de ser atendido”, concluiu.