
O número de mulheres atendidas pela primeira vez por violência doméstica em Teresina cresceu 84% entre 2024 e 2025. O dado faz parte da pesquisa “Ser Menina, Ser Mulher: A Dinâmica da Violência em Cada Fase da Vida”, divulgada nesta quarta-feira (10) pela Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres (SMPM).
O estudo inédito, realizado por meio do Observatório da Mulher Teresina, revela um salto expressivo na busca por ajuda. Em 2024, a Casa da Mulher Brasileira registrou 1.726 primeiros atendimentos. Já em 2025, esse quantitativo subiu para 3.174.
A pesquisa traçou um panorama de como a violência se manifesta em diferentes faixas etárias:
- Infância e adolescência: predominância de violência sexual;
- Vida adulta e velhice: maior incidência de violência psicológica e física.
O relatório detalha ainda o cenário do ano anterior (2024), quando a média foi de três casos por dia, sendo a maioria contra mulheres adultas. Naquele período, o primeiro semestre concentrou 59% das notificações (643 casos), enquanto o segundo semestre registrou 41% (449 casos).
Combate e prevenção
O lançamento dos dados ocorreu no auditório da Casa da Mulher Brasileira. Para a secretária municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, Rosa Neide, as estatísticas são fundamentais para o planejamento estratégico da pasta.
“A pesquisa mostra que as violências mudam de forma, mas não desaparecem do percurso das mulheres. Com esses dados, conseguimos atuar com mais precisão, fortalecer a rede de atendimento e salvar vidas”, afirmou a gestora.
A versão digital completa da pesquisa será disponibilizada em breve no site oficial da SMPM.
Feminicídio recente
Em muitos casos, a violência contra a mulher resulta em feminicídio, caracterizado como o crime de ódio baseado no gênero, e, em casos extremos, podem ser definidos como o assassinato de mulheres em violência doméstica ou em aversão ao gênero da vítima.
No último sábado (6), o corpo de Emilly Yassmyn Silva Oliveira, de 24 anos, foi encontrado carbonizado em uma área de mata na região da Estrada da Alegria, na zona Sul de Teresina. Ela era natural da Bahia, mas cresceu com a família no estado do Pernambuco.

Um homem foi preso como suposto autor do crime. Ele teria confessado ter assassinado a jovem e indicou o local do cadáver. Segundo o delegado Francisco Costa, o ‘Bareta’, a vítima teria saído com o suspeito para realizar um programa com o valor combinado de R$ 1.500. Porém, após o ato, o suspeito só teria oferecido R$ 300.
A situação provocou uma discussão entre os dois e a mulher teria afirmado que ligaria para alguns colegas para resolver o problema. O suspeito, de acordo com o delegado, aplicou na mulher um golpe conhecido como mata-leão e teria utilizado um fio de internet para asfixiá-la até a morte.
O corpo foi levado para a região da Estrada da Alegria e, posteriormente, carbonizado. Segundo o delegado, o crime configura em homicídio qualificado com violência extrema.

Protestos
Manifestantes protestaram na tarde do último domingo (7) em Teresina e Parnaíba contra o aumento dos casos de feminicídio no país. A mobilização nacional ocorreu em diversas cidades do Brasil, organizada por coletivos, movimentos sociais e outras organizações.

Em Teresina-PI, a ação foi realizada na Praça Pedro II, no Centro, e foi marcada por homenagens e cobrança de providências às autoridades. Familiares e amigos de mulheres mortas vítimas do crime também estiveram presentes com cartazes e faixas.
Em Parnaíba-PI, os participantes realizaram uma caminhada pela Avenida São Sebastião em um percurso de cerca de 1,5 km. Na cidade, o movimento é uma iniciativa do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserm), do coletivo Mulheres de Luta, do coletivo feminista Dionísia, Unidade Popular (UP) e do grupo Juventude Fogo no Pavio.

Como buscar ajuda
A população pode buscar ajuda em casos de violência contra a mulher ligando para o numero 180 ou 190. Além disso, pode-se procurar a delegacia mais procura ou solicitar atendimento pelo ‘Ei, mermã, não se cale’, pelo telefone: 0800 000 1673.
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