3 de julho de 2025

Epidemia de Desobediência Infantil

Joniel Soares

Publicado em 29/09/2021 18:27

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Foto: Revista Crescer/ Globo

Como resgatar essa habilidade que aparentemente nossos antepassados tinham e perdemos em algum ponto da história?

A ciência afirma que os comportamentos são resultados de determinantes biológicos, tais como o DNA, que se somam a experiências de vida. É a chamada “epigenética”.

De fato existem crianças que já nascem “mais difíceis”. A vontade de viver e fazer do seu próprio jeito é enorme e própria dela. Muitas vezes uma característica herdada de outros familiares. Ainda que tenham os “pais perfeitos” tendem a desobedecer e, às vezes, a enfrentar e desafiar. Trata-se do Transtorno Opositor Desafiante (TOD), uma patologia médica geneticamente determina e para a qual existe tratamento.

Contudo, como explicar a aparente percepção de que ao longo das últimas 3 gerações as crianças de um modo geral parecem menos obedientes? Se acreditarmos que a maioria dos casos de desobediência tratam-se de TOD estaremos acreditando que o DNA mudou no passar dessas gerações. Sabemos que o DNA muda sim, mas não de forma tão rápida. Acredita-se que mude ao longo de milhares de anos e não ao longo de meio século.

Resta analisar a outra parte da equação: as experiências de vida. É evidente que a vida das crianças mudou drasticamente ao longo dos últimos anos. Nossos avós contavam de uma infância com muitos irmãos, mais atividades ao ar livre, menos preocupações escolares, pais que comemoravam bodas de ouro, princípios sólidos, regras mais claras e autoridade bem definida.

É possível que a epidemia de desobediência seja mais perceptível hoje, mas tenha raízes em mudanças lentas ao longo dos últimos anos. Se este raciocínio estiver correto caberá a cada um, ciente do impacto das escolhas, ajustar o que for possível para cultivar o sonho de uma relação mais harmônica entre pais e filhos.

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