
Wesley Igor Gomes*
portalclubenews@tvclube.com.br
Em Teresina, cerca de 9% das famílias não possuem moradia digna e enfrentam, diariamente, problemas relacionados à precariedade em que se encontram. Esse número corresponde a mais de 35 mil pessoas que sofrem com o déficit habitacional. Com relação ao Piauí, de acordo com dados de 2019, disponibilizados pela Fundação João Pinheiro (FJP), 115 mil habitantes não possuem residência própria.
A Vila Campina, situada no bairro Tabuleta, zona Sul de Teresina, se tornou lar para muitas famílias. No entanto, com a falta de infraestrutura e as frequentes tempestades, o local tem gerado constantes transtornos, dificultando a vida de quem reside no local.

Esse é o caso da moradora Thaís da Silva, que junto do companheiro e dois filhos, retornaram de São Paulo em busca de condições melhores na capital.
“A necessidade nos trouxe aqui, a necessidade nos mantém aqui. É triste, né? Vem a chuva, destrói, pinga no pouco que a gente tem. O que a gente tem vai sendo destruído aos poucos. É triste nossos filhos verem a gente nessa situação, e a gente tentar melhorar, a gente tentar buscar ajuda e não consegue essa ajuda”, disse Thaís.
Ao todo 26 famílias residem na Vila Campina, que surgiu há pouco mais de um ano, em lares improvisados com madeira, barro e lonas. Agora, com as tempestades, a situação se agrava, fazendo com que os habitantes passem noites em estado de alerta aos possíveis perigos. “A gente fica muito apreensivo, né? Devido à chuva ser forte. Inclusive, a minha casa foi uma casa muito atingida também pela água. E a gente fica naquela, ninguém sabe se dorme, se fica acordado. Eu sou uma pessoa que fica muito acordada”, relatou a moradora Francisca Reis.
Famílias desabrigadas
O atual cenário, motivado pelo agravamento das enchentes, registra 768 famílias desalojadas em Teresina. O Centro de Convivência Wall Ferraz está abrigando, de maneira improvisada, cinco famílias. Esse é o caso da dona de casa Francisca Pereira que, como ela mesma contou, tem sido um período muito difícil: “Aqui, pra mim, não tá sendo um lugar adequado, né, por conta da minha mãe que é acamada. Não tem privacidade de banheiro. Tenho que ficar carregando ela nos braços e nem cadeira de rodas ela não senta também”.
Segundo a Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano (Eturb), mais de 90 mil famílias não possuem residências regularizadas. Essa situação, que pode acarretar em despejo, está sendo acompanhada pela Comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Devido à pandemia da Covid-19, se instaurou uma crise muito grande, tanto em relação à saúde pública quanto à economia. E por conta disso, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu os efeitos de despejos. Na prática, o inquilino que queira utilizar essa suspensão em seu favor, deve comprovar sua situação de vulnerabilidade”, declara o vice-presidente de Direito Imobiliário da OAB-PI, Carlos Alberto Júnior.
Para o arquiteto popular Luan Rusvell, houve um grande aumento com relação ao índice de desemprego, o que gerou uma redução na renda e piora na situação de quem não possui uma casa. Além disso, ele destaca que o direito à moradia não configura apenas a construção de uma unidade habitacional.
“Se trata de um direito amplo que tem a casa como a porta de entrada para todos os outros direitos, como educação, saúde, moradia. É preciso que essas unidades habitacionais tenham acesso a todos a infraestrutura e serviços que a cidade possa oferecer”, pontuou.
Pronunciamento da Prefeitura de Teresina
De acordo com o secretário municipal de desenvolvimento urbano e habitação, Edmilson Ferreira, a Prefeitura Municipal de Teresina (PMT) está desenvolvendo projetos, bem como a obtenção de financiamentos que possam ajudar essas famílias que sofrem com o déficit habitacional, principalmente por conta do atual panorama. Essas pessoas se encontram abrigadas em escolas e no programa Cidade Solidária.
O secretário também assegura que a PMT já possui terrenos que integrarão projetos, já encaminhados a fase de licitação, que pretendem construir moradias populares, nas zonas Norte e Sul da capital.
*Estagiário sob supervisão da jornalista Lucy Brandão
Siga o Portal ClubeNews no Instagram e no Twitter.
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp ou Telegram.
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp e entre no nosso Canal.
Confira as últimas notícias: clique aqui!