14 de agosto de 2025

Mãe onça recebe nome de “Niède” e filhote é visto pela 1ª vez no Parque Serra da Capivara no Piauí

Carlienne Carpaso

Editora
Publicado em 03/08/2022 16:50

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Carlienne Carpaso
carliene@tvclube.com.br

Um filhote de onça-pintada foi visto pela primeira vez desde o ano de 2015 no Parque Nacional Serra da Capivara, no Sul do Piauí. Ele estava acompanhado da mamãe onça, que recebeu o nome da arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon, após o registro do passeio pelos pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, por meio de câmeras noturnas. O vídeo é de julho, mas só foi divulgado nesta terça-feira (2).

O Portal ClubeNews conversou com o Ronaldo Gonçalves Morato, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Mamíferos Carnívoros, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CENAP-ICMBio), sobre o monitoramento dessa espécie no Parque, e com o biólogo Henrique Gonçalves, analista ambiental responsável pelo monitoramento com as armadilhas fotográficas.

No Parque Nacional Serra da Capivara, a população de onças é monitorada há sete anos. Inicialmente, os pesquisadores usaram armadilhas fotográficas para estimar o tamanho da população e, em paralelo, capturaram duas onças-pintadas para monitoramento por telemetria GPS-satélite.  “O que temos observado é que a tendência populacional não parece ter sofrido alterações, ou seja, o número de onças-pintadas não alterou nos últimos anos, está estável. Essa é a primeira vez que nosso grupo registra filhote na região”, diz o coordenador.

Filhote da mãe-onça Niède é visto pela primeira vez (Foto: CENAP/ICMBio)

Responsável pelas armadilhas fotográficas,  Henrique Gonçalves comenta ser um privilégio trabalhar com a onça-pintada.  Para o biólogo, ainda são muitas as lacunas a serem preenchidas sobre os hábitos e comportamentos desse animal, principalmente no Bioma Caatinga, onde ela esta sob grave ameaça. Agora, as equipes aguardam novo encontro com a mãe onça para conseguir colocar o GPS e assim acompanhá-la.

Fotografar uma onça não é tarefa fácil, diz Henrique. É preciso paciência e muita observação para conseguir instalar uma armadilha fotográfica. “A captura desse animal não é fácil; como todo felino, elas são muito espertas, a captura envolve um estudo prévio da área com câmeras, onde conseguimos ter uma ideia melhor de onde eles passam e a frequência, observando as pegadas”.

“Quando capturada é uma felicidade imensa para a equipe. Esse é um tipo de trabalho que não se faz sozinho, contamos muito com a ajuda das pessoas locais”.

Mamãe onça Niède

Após registrar a mãe onça, Henrique Gonçalves teve a ideia de dar-lhe o nome de Niède em homenagem à arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, presidente Emérita da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham). Essa fundação foi criada para garantir a preservação do patrimônio cultural e natural do Parque Nacional Serra da Capivara.

“Quando verificamos as fotos dessa onça com filhote, imaginei o legado que ela (onça) estava deixando. Falando em legado, é impossível não pensar na Dra. Niède que dedicou sua vida para o estudo da arqueologia e para a preservação do bioma Caatinga. O legado dela está desde os vários trabalhos sociais na região de São Raimundo Nonato, na criação do parque nacional da Serra da capivara e, consequentemente, na vida de todas espécies de animais que vivem ali, em especial nossa querida onça-pintada, símbolo de força, resiliência e poder”.

Mamãe onça Niède (Foto: CENAP/ICMBio)

A própria Niède Guidon também fez uma aparição rara nas redes sociais para comentar o flagra “amiga” com o seu filhote. “Muito bonita essa onça. Fez-me lembrar quando eu ia ao parque. Eu sempre via as onças. Então, viva às onças. Inclusive, tinha uma que era minha ‘amiga’. Quando chegava, ela vinha bem pertinho de mim e ficava ali me olhando. Então, viva as onças. Espero que elas deixem seu legado ao parque”, disse a arqueóloga.

Segundo a Fumdham, Niède Guidon se formou em história natural na Universidade de São Paulo em 1959, mas só estudou “arqueologia em 1975, durante o doutorado na Sorbonne, em Paris, depois de ‘descobrir’ as maravilhosas pinturas rupestres daquela terra seca do sul piauiense”.

“Hoje, o parque soma 135 mil hectares nos municípios de Canto do Buriti, Coronel José Dias, São João do Piauí e São Raimundo Nonato, e concentra 1.354 sítios arqueológicos catalogados, sendo 183 preparados para a visitação turística. É a maior concentração de vestígios ancestrais do mundo, o que fez com que o parque fosse reconhecido como patrimônio cultural mundial da humanidade pela Unesco em 1991”, diz a fundação.

Niède Guidon, arqueóloga franco-brasileira (Foto: Arquivo ClubeNews)

Monitoramento

O ICMbio monitora a dinâmica da população de onças, tendências populacionais e ameaças; como elas se movimentam e sobrevivem nessa paisagem para que os pesquisadores possam planejar medidas de conservação de longo prazo, diz o coordenador Ronaldo.

“Isso requer também uma atuação muito próxima, junto aos moradores locais, para que juntos possamos construir mecanismos que garantam a sobrevivência da espécie”, acrescenta.  Os pesquisadores contam com o apoio da equipe do Parque, brigadistas e veterinários, dentre outros especialistas.

Equipe: Rogerio brigadista do PARNA Serra da Capivara; Henrique Gonçaves, Biólogo ICMBIO/CENAP;  e Jorge Salomão veterinário da Instituição Ampara Animal

RECOMENDAÇÃO 

Em nota, o Museu da Natureza do Piauí reforça: é proibida “a interação de visitantes e pessoal não autorizado com qualquer animal silvestre dentro e fora do Parque”.

“Reiteramos ainda que a água dos reservatórios é para os animais e não deve ser poluída com lixo dos visitantes. Leve sacos para acomodar o lixo que gerar e descarte-o em lixeiras adequadas fora da região do Parque”.

Registro da onça Niède (Foto: CENAP/ICMBio)

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