7 de julho de 2025

CRM faz interdição ética do Hospital do Buenos Aires e aponta falhas no atendimento

Thálef Santos

Publicado em 01/12/2022 12:00

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Foto: Emanuel Pereira

O Hospital Geral do Buenos Aires, na zona Norte de Teresina, sofreu interdição Ética Parcial do Conselho Regional de Medicina do Estado do Piauí (CRM-PI). Diante disso, muitos serviços poderão ser suspensos, como a admissão de novos pacientes.

A instituição foi alertada da possível medida desde a fiscalização realizada no dia 27 de outubro pelo CRM. Agora, a medida foi aprovada, já que o hospital não corrigiu os problemas detectados e não apresentou soluções.

De acordo com o CRM-PI, a fiscalização apontou problemas que arriscam o tratamento de pacientes no local e comprometem a prestação de serviços médicos. Por isso, na manhã desta quinta-feira (1º), os conselheiros vão anexar o aviso de interdição na porta de entrada do hospital.

O Conselho ressalta que após a notificação, caso algum paciente seja admitido, o hospital pode responder perante o corpo de conselheiros. Os pacientes internados que não puderem ser encaminhados para outras unidades ficarão sob supervisão médica até a alta.

A interdição acontece por tempo indeterminado e será revogada assim que as irregularidades forem sanadas.

 

Hospital Geral dos Buenos Aires – Foto: reprodução/Rede Clube

 

Segundo o CRM-PI, os problemas encontrados são:

– ausência frequente de soro fisiológico levando a transferências de pacientes, falta de administração e medicações que dependem da solução;

– tratamento inadequado de pacientes (necessidade de volume para tratamento eficaz sem realização por falta da solução), falta de tubo orotraqueais em estoque tamanho 7.5 e 8.0 (os mais usados em adultos);

– ausência de algumas medicações analgésicas e antibióticos, escala de neonatologia incompleta comprometendo a segurança dos recém-nascidos da maternidade, aparelhos de fototerapia antigos e com baixa eficiência;

– falta de luvas de procedimento em tamanho pequeno e médio, entre outros fatos enumerados no relatório técnico do CRM-PI.

A medida foi tomada em reunião com a administração do hospital, conselheiros, a diretora de Assistência Hospitalar da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Clara Leal, e a secretária imediata do gabinete do prefeito, Dr. Pessoa, Andréia Lima de Sousa Pessoa.

Para finalizar, a nota oficial do Conselho sobre a interdição acrescenta que “o CRM-PI entende que a medida de interdição ética é dura, mas necessária, pois certamente vai evitar que novos pacientes sejam internados ou recebam qualquer tipo de atendimento sob condições não ideais, colocando em risco a vida dos mesmos. A interdição também visa resguardar os médicos, de forma que não trabalhem sem as condições mínimas necessárias para salvar vidas”.

O QUE DIZ A FMS?

O presidente da Fundação Municipal de Saúde, Dr. Gilberto, afirmou que não existem relatos de óbitos causados pelos problemas notificados pelo CRM-PI. O gestor explica que para uma quantidade maior de leitos o hospital precisa de uma quantidade maior de equipamentos.  O CRM também reclama da ausência da direção-geral.

“Para ampliarmos os leitos precisamos dos equipamento e da adequação estrutural que já estamos providenciando. Existe essa despesa dos hospitais com os fornecedores; esse processo (de repasse da prefeitura) já está em fase final de conclusão. O prefeito pediu celeridade; então, vamos agora à prefeitura para ver qual passo podemos dar sobre o atendimento financeiro imediato”, disse o presidente da FMS.

Gilberto Albuquerque garantiu que parte das pendências apontadas pelo Conselho Regional de Medicina já estão sanadas. “O relatório é de um pouco antes e já temos parte disso resolvido. O prefeito já está resolvendo. Em insumos, já estamos avançados, em equipamentos também. Basicamente, são estas as pendências e devemos ter isso em breve. Nesse período tem algumas adequações em termos de engenharia, mas serão realizadas logo”.

Maternidade do Hospital Buenos Aires – Foto: Emanuel Pereira

Confira a nota completa do CRM-PI

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Piauí – CRM-PI, por meio do seu corpo de conselheiros, aprovou na noite desta quarta-feira (30) a Interdição Ética Parcial no Hospital Geral do Buenos Aires, que fica na zona norte de Teresina. Desde fiscalização realizada pelo Conselho, no dia 27 de outubro, a instituição foi colocada em Indicativo de Interdição Ética e como não houve correção dos problemas detectados, que vêm acarretando riscos para o tratamento da população, bem como comprometendo a prestação dos serviços dos médicos, após fiscalização realizada nesta quarta-feira (30), os conselheiros decidiram por tomar a decisão e irão anexar na porta de entrada do hospital o aviso de interdição na manhã desta quinta-feira (1º/12).

A medida de Interdição Ética Parcial aprovada pelo corpo de conselheiros do CRM-PI significa que a partir do aviso anexado no hospital, dando ciência à direção técnica do fato, que nenhum paciente será admitido, sob pena de responder perante o Conselho. Os pacientes que estiveram internados e não puderem ser encaminhados para outras unidades ficarão sob supervisão médica até a alta. A interdição também é por tempo indeterminado, mas assim que as irregularidades forem sanadas, a desinterdição será feita.

O CRM-PI informa que a interdição ética foi a medida final tomada depois de seis fiscalizações realizadas durante o ano de 2022 com comunicação aos gestores do hospital e da FMS sobre as várias irregularidades flagradas nas fiscalizações, além de várias reuniões presenciais realizadas com os gestores e inclusive o próprio prefeito nas quais foram solicitadas a solução dos problemas. Na manhã desta quarta-feira, houve mais uma reunião com gestores da Fundação, na qual a diretoria do CRM-PI e o Departamento de Fiscalização esperavam ouvir sobre medidas tomadas para solução dos problemas, mas como isso não aconteceu, e esgotados todos os prazos e solicitações, não restou ao Conselho outra saída, a não ser a interdição ética. Estiveram presentes na reunião, a diretora de Assistência Hospitalar da FMS, Clara Leal, e a secretária imediata do gabinete do prefeito, Dr. Pessoa, Andréia Lima de Sousa Pessoa.

Na última fiscalização realizada nesta quarta-feira, foram identificados os mesmo problemas, ausência frequente de soro fisiológico levando a transferências de pacientes, falta de administração e medicações que dependem da solução, tratamento inadequado de pacientes (necessidade de volume para tratamento eficaz sem realização por falta da solução), falta de tubo orotraqueais em estoque tamanho 7.5 e 8.0 (os mais usados em adultos), ausência de algumas medicações analgésicas e antibióticos, escala de neonatologia incompleta comprometendo a segurança dos recém-nascidos da maternidade, aparelhos de fototerapia antigos e com baixa eficiência, falta de luvas de procedimento em tamanho pequeno e médio, entre outros fatos enumerados no relatório técnico do CRM-PI.

A Resolução CFM n° 2056/2013, de 12 de novembro de 2013 (Nova redação do anexo 11 aprovada pela resolução CFM n° 2073/2014) disciplina que os Departamentos de Fiscalização nos CRMs e estabelece critérios para a autorização de funcionamento dos serviços médicos de quaisquer naturezas, bem como estabelece os critérios mínimos para seu funcionamento, vedando o funcionamento daqueles que não estejam de acordo com os mesmos.

O CRM-PI entende que a medida de interdição ética é dura, mas necessária, pois certamente vai evitar que novos pacientes sejam internados ou recebam qualquer tipo de atendimento sob condições não ideais, colocando em risco a vida dos mesmos.
A interdição também visa resguardar os médicos, de forma que não trabalhem sem as condições mínimas necessárias para salvar vidas.

CRM-PI

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