
A dona de casa, Socorro Azevedo, de 58 anos, buscou atendimento médico, na manhã desta quinta-feira (8), no Hospital do Monte Castelo, na zona Sul de Teresina, e foi surpreendida com uma vistoria do Conselho Regional de Medicina (CRM-PI) e do Ministério Público do Piauí (MPPI). Para ela, os órgãos só constataram o que já é de conhecimento da população que busca por assistência na unidade hospitalar: a falta de medicamentos e insumos básicos.
Socorro contou sobre a sua experiência ao Portal ClubeNews: “Esta é a primeira vez que recebi atendimento no Hospital Monte Castelo e o atendimento é péssimo, pois só se preocupam em deixar acompanhante com o paciente. Ontem (7), minha cunhada passou mal e tentei agilizar tudo, pois acredito que ela teve o começo de um AVC (acidente vascular cerebral)”.
“Ela não tomou medicamento, pois só é receitado com o exame de tomografia. Ontem, disseram que foi solicitada a internação dela, mas eles colocaram como se ela estivesse com Covid-19. Somente hoje foi consertado porque a assistente social veio aqui. Somente agora ela saiu na ambulância. Ela correu risco de morte porque um dos lados dela ficou adormecido. O diagnóstico não foi confirmado e está demorando muito”, desabafa a dona de casa.
A Fundação Municipal de Saúde informou que “vai se manifestar no ato do processo quando for notificada”.
VISTORIA
O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) está vistoriando todos os hospitais de Teresina. Hoje (8), a visita aconteceu no Hospital do Monte Castelo, na zona Sul de Teresina. “Estamos verificando o que está irregular”, disse o presidente do CRM-PI, médico Dagoberto Silveira, afirmando que não pode antecipar as informações que serão disponibilizar em um relatório.
O promotor de Justiça Eny Marcos Vieira Pontes, do Ministério Público do Piauí (MPPI), disse que a história no Hospital Monte Castelo se repete, fazendo referência à situação presenciada no Hospital Geral do Buenos Aires, que passa por interdição ética parcial.
Eny Pontes elenca que o maior problema presenciado nos hospitais municipais é a falta de medicamento e de insumos básicos. Ao fiscalizar o Hospital do Monte Castelo, o promotor verificou o estoque quase zerado de agulhas. “Me questiono: como o profissional de saúde pode ministrar medicamento sem instrumento básico?”, diz.
“É complicado a gente aceitar a situação que está hoje: a gente vendo pacientes com seus agravamentos, com risco de morte, por falta de insumos básicos. É necessário, neste instante, o prefeito de Teresina tomar as providências de caráter de urgência para resolver essa problemática. Se não tomar providência, vai ser responsabilizado”.
Até o momento, o promotor informou que não foi constatado a falta de profissionais nas escalas do Hospital do Monte Castelo, como acontecia no do Buenos Aires.
“Esse trabalho de inspeção não é de agora, é constante. O Ministério Público com os Conselhos de Classe fazem esse trabalho, mas a gente não tem conhecimento de tudo o que acontece. A população precisa registrar as suas insatisfações e reclamações. Para isso nós temos as ouvidorias”, pontuou o promotor. A população pode denunciar situações para a ouvidoria do MPPI por meio do site da instituição.
O promotor lembra que o MPPI já ajuizou uma ação civil pública contra o Hospital de Urgência de Teresina. “Há dois anos, nós já identificamos a falta de medicamentos lá, mas de 100 medicamentos me falta. Tivemos ganho de causa na 1ª instância. Agora, está em 2ª instância para julgamento”.
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