
Carlienne Carpaso, Carla Nascimento e Vivianna Cruz (TV Clube)
carliene@tvclube.com.br
A administradora Cláudia Modesto transformou a dor em luta. Ela era agredida pelo ex-companheiro e passou a ser uma ativista contra a violência doméstica e o feminicídio, após ser salva pela própria filha, que acionou a polícia e prendeu o agressor em flagrante. Cláudia resgatou a autoestima e se tornou um símbolo de renascimento para outras mulheres.
Cláudia aceitou contar a sua história para a série especial SOS Mulher, da Rede Clube, que vai ao ar até a próxima sexta-feira (10). A campanha busca conscientizar à população a por um fim nesse tipo de violência.
Ela relembra que o ex-companheiro não a permitia vivenciar algumas vontades simples como, por exemplo, escolher a própria cor de esmalte, mesmo pagando pelo produto com o próprio dinheiro.
Sobre o dia agredida devido à cor do esmalte, Cláudia recorda que chegava à sua residência, em Teresina (PI), acompanhada da filha.
“Eu era proibida de pintar com cor escura. Ele ficou extremamente agressivo. Minha filha ficou em um quarto e, no outro, ele me agrediu. Graças a Deus, eu fui salva pela ligação da minha filha, que era estudante de Direito, que chamou uma viatura (da polícia) e ele foi preso em flagrante”, diz.
A DOR SE TRANSFORMOU EM FORÇA
“Eu sempre falo que a dor se transformou em força porque hoje, realmente, eu sou outra mulher. Eu não pensei só na minha dor. Eu hoje ajudo outras mulheres, e vejo a importância do movimento Frente Popular de Mulheres. A gente luta por políticas públicas, pelo bem-estar dessas mulheres (vítimas de violência), pelo acolhimento. Eu trabalho, tenho minha dependência, e hoje até ter um controle de televisão na minha mão é a coisa mais feliz, de poder mudar os canais (sem medo de ser agredida). Eu sou muito feliz”, diz a ativista Cláudia Modesto.

JOGO DE MANIPULAÇÃO
Ana Cleide Nascimento, diretora de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, da Secretaria Estadual das Mulheres, comenta que “o momento no qual o homem xinga uma mulher, destrata essa mulher, desmerece ela, ele está nutrindo a baixa autoestima dela”. Ela fala que o agressor tem o hábito de fazer um jogo de manipulação de sentimentos e comportamentos.
“Essa mulher vai começar a se sentir insegura, incerta do que ela pensa, até do que ela está fazendo. Há todo um jogo psicológico de manipulação que vai fazer ela compreender que não serve para nada. E, muitas vezes, ela fica confusa: ‘ele cuida de mim, está preocupado, por isso está fazendo isso, por isso cuidado meu dinheiro, mas ela pode identificar a (manipulação) a partir de uma coisa que ela vai sentir, que é a angústia”.
A Ana Cleide integra a Secretaria de Estado das Mulheres, entidade que busca acolher e dar uma nova chance às mulheres vítimas de violência. O acolhimento institucional também acontece pela Secretaria de Assistência Social.
O Centro de Referência Francisca Trindade também dá suporte a essas mulheres, que se estende a todo estado, não somente em Teresina, de acordo com cada demanda. Ana Cleide conta que outra parceria é com as Delegacias de Polícia Civil.
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