Emanuel Pereira e Carlienne Carpaso
carliene@tvclube.com.br
Luís Gonzaga é um nordestino arretado que, por onde passa, encanta as pessoas com seu talento. De família humilde, ele não teve medo de enfrentar as adversidades para realizar o sonho de ser em um artista. E o jovem conseguiu.
A narrativa parece até descrever a história do saudoso Rei do Baião, cantor pernambucano que conquistou o mundo com músicas típicas do Nordeste brasileiro. Mas, na verdade, esta é a jornada de outro Luís Gonzaga, um piauiense de 25 anos que transformou as ruas de Teresina no seu maior palco, iluminado pelas luzes do semáforo e pelo sol ardente de todas as manhãs.
O artista é especialista em malabares e trabalha lançando facões em um dos sinais da Avenida Principal do Dirceu, zona Sudeste da capital. Quando o semáforo está vermelho, ele logo trata de se apresentar à sua plateia em veículos, nem sempre atenta ao breve espetáculo ofertado antes do sinal ficar verde.
O espetáculo sob a faixa de pedestres logo se torna efêmero quando o farol indica para seguir adiante. O público, geralmente apressado, pisa no acelerador sem antes retribuir os valiosos segundos em que puderam contemplar a arte na rua. Alguns ainda pagam com moedas, aplausos ou um sorriso no rosto, enquanto outros menosprezam o trabalho do jovem com xingamentos.
Na primeira matéria da série “No Palco da Vida”, em homenagem ao Dia do Artista (24 de agosto), o Portal Clubenews conta a história de um homônimo de Luís Gonzaga. Assim como o Rei do Baião, o teresinense dedica sua vida ao trabalho artístico, pela qual gera renda à sua família e promove a valorização dos artistas de rua.
DESAFIOS DA ARTE NA RUA
Além do sol escaldante, um dos fatores que mais dificulta o trabalho artísticos nas ruas da capital é o preconceito. Luís relata que já passou por diversas situações discriminatórias enquanto se apresentava no sinal.
“Na rua, estamos sujeitos a tudo, principalmente à falta de apoio. Muitas vezes, artistas de rua são tratados como vagabundos, pois ainda existe uma visão muito marginalizada sobre nós”, declarou.
A desvalorização desta classe trabalhadora também e incentivada pelo Poder Público e, segundo o malabarista, esta situação ficou ainda mais evidente durante a pandemia da Covid-19.
“Os artistas de rua dependem de projetos culturais para que possamos trabalhar de forma remunerada. Na pandemia, fui beneficiado com o auxílio do governo, mas muitos amigos artistas não conseguiram. O Poder Público ainda é muito ausente quanto ao incentivo à arte e cultura”, disse.
SER ARTISTA
Luís Gonzaga trabalha há cinco anos como artista de rua, mas seu primeiro contato com o mundo artístico aconteceu em 2015, quando teve aulas de teatro na escola. Para ele, participar desta iniciativa foi uma escolha assertiva.
“As apresentações na escola ficaram tão intensas que nós montamos uma Companhia de Teatro, pela qual eu conheci os malabares e a palhaçaria. Além de malabarista, também sou ator e palhaço”, comentou.
Mesmo diante de tantas dificuldades, como o preconceito e a desvalorização do seu trabalho, ele não desiste de ser artista. Seja nas ruas ou em um grande palco de teatro, Luís acredita na arte como instrumento para transformar vidas e despertar as mais intensas emoções.
“Ser artista é uma virtude que se refere à sensibilidade, espiritualidade e amor. Ser artista é uma necessidade e significa ser você mesmo na sua mais pura essência”, concluiu.
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