Mayrla Torres e Eric Souza
mayrlatorres@tvclube.com.br
A esposa de um dos investigados de pertencer ao grupo criminoso que promoveu uma fraude milionária em agências bancárias foi a responsável por denunciar o esquema após sofrer violência doméstica do próprio marido.
Em entrevista à imprensa na manhã desta terça-feira (5), o delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), confirmou a informação e acrescentou que a mulher procurou o gerente do banco do esposo para reportá-lo.
“Os bancos criam gatilhos de segurança, como alarmes de incêndio. Alguns gerentes e atendentes perceberam situações pontuais no dia-a-dia e avisaram seus supervisores, os quais passaram a notar casos como esses se repetindo em vários municípios, até que a esposa de um dos presos fez a denúncia”, esclareceu.
A agência na qual o investigado mantinha contas bancárias alertou a Polícia Civil, que iniciou a investigação há cerca de um ano e, nesta terça, cumpriu 30 mandados de prisão temporária em quatro cidades do estado, incluindo os do casal.
Entenda o caso
A Polícia Civil deflagrou a “Operação Prodígio” e prendeu temporariamente 30 pessoas em Teresina, Floriano, Amarante e Nazaré do Piauí. Entre os presos, estão um pai e filho, suspeitos de liderar o esquema criminoso.
O delegado Tales Gomes, diretor especializado em Operações Policiais, comentou que o filho, identificado como Anderson Ranchel, foi preso em Teresina; já o pai, em Amarante.
A ação policial visa combater um esquema de fraude que causou prejuízo de R$ 19 milhões a uma instituição financeira. Desse valor, R$ 6 milhões são relacionados a fraudes praticadas em contas bancárias de agências localizadas no Piauí.
Conforme a PC-PI, a fraude consistia em cooptar pessoas para abrir contas bancárias com dados falsos (como profissão, renda, etc.) que levassem o banco a aumentar o limite de crédito desse cliente.
“Uma vez aberta a conta, a associação criminosa simulava uma série de transações bancárias para ‘esquentar’ a conta, de forma que o banco entendesse que aquela renda declarada era legítima. Quando o grupo criminoso acreditava ter atingido o máximo de limite de crédito possível, ‘tombava’ o banco, não realizando mais qualquer pagamento”, destacou a Polícia Civil.
Para levantar o dinheiro das contas da instituição financeira, o núcleo financeiro da associação criminosa se valia de empresas fantasmas e meios de pagamento diversos (cartão de crédito e boleto bancário) que envolvem múltiplas empresas do sistema financeiro.
Segundo Anchieta Nery, o nome da operação “Prodígio” faz referência ao fato de que alguns dos investigados, bastante jovens, têm idade entre 19 e 21 anos.
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