Veja como funcionava esquema que causou prejuízo de R$ 5 milhões em banco no Piauí

As 30 pessoas presas eram divididas em quatro grupos

Operação Prodígio – Foto: Marcos Teixeira/TV CLUBE

Mayrla Torres e Isadora Cavalcante
mayrlatorres@tvclube.com.br

As 30 pessoas, presas durante a “Operação Prodígio”, nesta terça-feira (5), suspeitas de cometer fraude financeira que causou o prejuízo de R$ 5 milhões apenas no Piauí, eram divididas em quatro grupos. As informações da organização foram divulgadas pelo delegado-geral Luccy Keiko, Anchieta Nery e Matheus Zanatta, da Polícia Civil do Estado.

Conforme a investigação, os suspeitos falsificavam suas informações cadastrais no momento da abertura da conta e fingiam ser médicos e engenheiros, enganando a instituição financeira. Aceitos como cliente de alta renda, o grupo efetuava compras em estabelecimentos de origem duvidosa ou pagamentos de títulos de valores elevados, utilizando cartão de crédito para simular padrão econômico falso.

Após as simulações, o sistema de crédito do Banco Santander liberava empréstimos de elevada quantia, ocasião em que o cliente quitava o empréstimo anterior, pagava faturas de cartão de crédito em aberto e transferia o valor restante para contas próprias ou de terceiros.

O esquema de fraude se repetia até os suspeitos deixarem de pagar os empréstimos e ocasionando o prejuízo das instituições bancárias. Segundo o delegado Anchieta Nery, o grupo criou 117 contas bancárias e mais de 10 empresas fantasmas, para onde transferiam as quantias retiradas dos bancos.

Golpe no banco Santander (Foto: SSP-PI)

Líder da organização

Anderson Ranchel, preso na manhã desta terça-feira (5), foi apontado como o líder do esquema criminoso. Segundo a Polícia Civil, ele aprendeu o processo de burlar o sistema do banco e começou a recrutar pessoas para o grupo. Anderson passou a vender celulares importados e viajava inúmeras vezes aos Estados Unidos, ostentando uma vida de luxo nas redes sociais.

Com ele, foram encontrados carros e imóveis de luxo, dinheiro em espécie, cartões e cédulas de dólar falsas. O delegado Matheus Zanatta informou que o valor dos bens materiais é estimado em R$ 4 milhões. A Polícia Civil pediu o bloqueio imediato dos bens líquidos em contas correntes.

Segundo o delegado, as pessoas que se juntavam ao grupo também aprendiam a realizar o esquema e passavam a exercer função de liderança dentro da organização. A partir disso, a polícia constatou a existência de quatro grupos.

Grupos criminosos

O grupo vermelho, que começou com Anderson Ranchel, era vinculado a mais seis pessoas, chamadas de corretores. Essas pessoas andavam por Teresina e em outras cidades do Piauí em busca de clientes para realizar operações de empréstimos e, assim, coletar os dados das vítimas.

“Essas pessoas de confiança rodavam bairros procurando interessados em participar do esquema. Só que alguns desses corretores passaram a fazer isso por conta própria após descobrir como esse golpe funcionava. No grupo verde, por exemplo, um dos corretores chamados Wanderson é amigo de infância de Anderson Ranchel”, detalhou Zanatta.

A partir disso, os grupos começaram a se dividir e criar uma teia de conexões, que se ligam a um líder, que uma vez já foi corretor.

De acordo com o delegado Matheus Zanatta, o grupo azul contava com dois líderes e sete corretores. O grupo verde tinha dois cabeças e oito clientes. Já o grupo rosa, que conta com o líder, Ilgner de Oliveira Buenos Lima, Raimundo Isaías Lima (pai de Ilgner) e um corretor.

Foto: Polícia Civil
Foto: Polícia Civil
Foto: Polícia Civil
Foto: Polícia Civil
Foto: Polícia Civil

Investigações continuam

Segundo o delegado Anchieta Nery, mais de 100 pessoas continuam sendo investigadas por participarem desse esquema milionário. “Essa foi a primeira fase da operação. Ainda vão ser avaliados os dispositivos e materiais apreendidos. E podem também surgir mais informações. A operação está sendo deflagrada em outros estados da Federação e podem acarretar mais envolvidos”, destaca.

O delegado também afirmou que uma das esposas de um dos investigados denunciou a fraude após sofrer violência doméstica. Além disso, gerentes e funcionários do banco detectaram a fraude e perceberam que algo estava acontecendo no balanço das agências.

A partir disso, acionaram a diretoria de segurança do banco, que informou a Polícia Civil do Piauí há um ano, momento em que as investigações foram iniciadas.

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