Jonas Carvalho e Layra Mourão
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Os permissionários do Mercado do Peixe, na zona sudeste de Teresina, realizaram um grande churrasco de pescados ao ar livre, na manhã desta sexta-feira (24), para chamar a atenção dos clientes, após as quedas caírem no local diante das noticias falsas envolvendo os peixes e a doença da urina preta. Trabalhadores distribuíram porções gratuitas do alimento aos visitantes e clientes do local. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi), não há casos registrados da doença no estado, mas já emitiu um alerta sobre os cuidados de conservação do alimento.
Francisco de Macedo, diretor do mercado, explica que a ação visa reduzir os impactos causados pela Síndrome de Haff, conhecida como doença da urina preta. Vendedores explicaram à população sobre a enfermidade no intuito de desfazer possíveis boatos sobre a síndrome.
“Ao todo são 120 trabalhadores no mercado, que estão sofrendo o impacto com a queda das vendas, que diminuiu em 80%, principalmente nas espécies mais atingidas pela redução, que eram as mais procuradas: a tilápia e o tambaqui. O evento é realizado pelos próprios permissionários para chamar atenção das autoridades e da população”, disse o diretor.
Os vendedores promoveram a degustação de peixes, das espécies tambaqui e tilápia, acompanhados de farofa e vinagrete. A ação despertou a curiosidade de quem passava pelo local e movimentou o mercado durante esta manhã.
Estado sem contaminação
O Piauí ficou em estado de atenção após a existência de casos suspeitos nos demais estados do país, como no vizinho Ceará. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) se pronunciou sobre o caso, informando que o Piauí não possui casos confirmados da doença.
Os vendedores do Mercado do Peixe relatam que a possibilidade de contaminação e a divulgação de notícias falsas sobre os pescados geraram prejuízos. “Eu vendia cerca de 600 kg for semana. Hoje vendo 200 kg no máximo. Já têm uns 15 dias que as vendas estão abaixo do normal. Queda geral”, lamenta Moisés Pereira, que trabalha no local há 15 anos.
O que é a doença
A doença de Haff, causado pela ingestão de peixes ou crustáceos contaminados, deixa a urina com coloração escura, provoca dores musculares e insuficiência renal, já foi diagnosticada em pelo menos sete Estados brasileiros, dentre eles Amazonas, Bahia, Ceará e Pará. Os sintomas aparecem de duas a 24 horas após o consumo dos alimentos contaminados.
A contaminação se dá por meio de uma toxina que pode ser encontrada em peixes como o tambaqui, badejo, piratinga, arabaiana ou em crustáceos, como a lagosta, caranguejo e o camarão. A toxina, sem cheiro e sem sabor, surge quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada.