Cresce número de famílias com renda de programas sociais, aponta Pnad/IBGE

No Piauí, houve um salto de 95,7% na proporção de domicílios com beneficiários de "outros programas sociais" entre 2019 e 2020

Cartão do programa Bolsa Família (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Lucy Brandão
lucy@tvclube.com.br

Em 2020, ano em que teve início a pandemia de Covid-19, o Piauí registrou queda no número de pessoas que tiveram ganhos por meio do trabalho e aumento na quantidade de trabalhadores que passaram a receber benefícios sociais. É o que apontam os dados do módulo “Rendimento de Todas as Fontes”, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2020, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No Piauí, houve um salto de 95,7% na proporção de domicílios com beneficiários de “outros programas sociais” entre 2019 e 2020. O estado registrou ainda em 2020 uma queda de 11,9% na população piauiense que tinha rendimento proveniente do trabalho.

Cerca de 59,8% da população piauiense possuía pelo menos um tipo de rendimento em 2020. A proporção dos que receberam ganhos provenientes do trabalho foi de 32,4% e daqueles com rendimentos de outras fontes foi de 37,3%. O IBGE explica que as pessoas podem ter mais de um tipo de rendimento concomitantemente apontados na pesquisa.

Tipos de rendimento
Dentre os tipos de fonte de rendimento incluídos na categoria “outras fontes”, as aposentadorias e pensões eram os mais representativos em 2019, contemplando 14,2% da população do estado, com leve queda na participação em 2020, passando a 14%. Enquanto isso, “outros rendimentos” teve participação elevada de 13,6% em 2019 a 21,8% em 2020. Nesta última categoria, estão inclusos os ganhos obtidos de programas sociais do governo (como Bolsa Família e o auxílio emergencial), de aplicações financeiras, de bolsas de estudo, de direitos autorais, entre outros.

A terceira maior participação é dos rendimentos de pensão alimentícia, doação e mesada de não morador, apontada como fonte de renda de 2,5% da população piauiense com rendimento. Em último lugar, vêm os ganhos oriundos de aluguéis e arrendamentos, que foram indicados por 0,7% da população em 2020.

Brasil
Em 2020, a tendência de aumento de participação do rendimento de outras fontes foi verificada em todo o país. De modo inversamente proporcional, também foi generalizada a queda da participação do rendimento do trabalho. Cerca de 23,6% da população brasileira havia declarado ter rendimentos de outras fontes em 2019, taxa que alcançou 28,3% em 2020. Já a proporção daqueles que possuíam ganhos oriundos do trabalho reduziu de 44,3% em 2019 para 40,1% em 2020.

Em números absolutos, cerca de 1,2 milhão de habitantes do Piauí tinham rendimentos oriundos do trabalho em 2020, quantidade que caiu para apenas 1 milhão em 2020. Já os que tinham ganhos de “outras fontes” eram 989 mil em 2019 e atingiram 1,2 milhão em 2020.

Programas de transferência de renda
A categoria “outros programas sociais”, que teve aumento de 95,7%, engloba o auxílio emergencial concedido pelo governo federal em razão da pandemia. Enquanto apenas 0,4% dos lares piauienses faziam parte do grupo em 2019, o índice chegou a 38,7% em 2020.

Em movimento contrário, reduziu a proporção de residências com beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS) no Piauí. Havia pessoas com rendimentos do Bolsa Família em 35,8% dos domicílios do estado em 2019, proporção que caiu para 16,3% em 2020. Quanto ao BPC-LOAS, a queda foi menos significativa: de 5,4% dos lares em 2019 para 5,1% em 2020.

No Brasil, apenas 0,7% dos domicílios tinham rendimentos de “outros programas sociais” em 2019, índice que chegou a 23,7% em 2020. Os lares com beneficiários do Bolsa Família reduziram de 14,3% em 2019 para 7,2% em 2020. Já a proporção de domicílios brasileiros que recebiam BPC-LOAS passou de 3,5% para 3,1% no período.

A movimentação se justifica pelo fato de que parte dos beneficiários do Bolsa Família passaram a receber o auxílio emergencial em 2020. Com isso, cresceu a participação da categoria “outros programas sociais” e reduziu a proporção do Bolsa Família.

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