Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
Pelas ruas do bairro Cerâmica Cil, zona Sul de Teresina, uma mãe solo enfrenta as adversidades da vida para garantir o sustento dos três filhos. Ao avistarem uma mulher usando uma tiara divertida, as crianças da comunidade já sabem que a empreendedora Atanázia Sousa, carinhosamente chamada de “Tan”, chegou para adoçar o dia com seus bombons de chocolate.
Atanásia trabalha na área da confeitaria há seis anos, mas somente em 2022 percebeu o quanto as vendas nas ruas poderiam alavancar seu negócio.
A história de Tan com o mundo dos negócios começou quando ela se mudou da capital para o interior de Piripiri, após ser demitida do seu trabalho. A alternativa encontrada para conseguir renda foi produzir e vender chocolates em frente a uma escola.
“Eu trabalhava como cuidadora de idosos. Então, eu casei, fiquei grávida do meu primeiro filho e fui demitida por esta razão. Fui a Piripiri para tentar a sorte, mas eu me deparei com uma realidade muito diferente. Isso me motivou a pesquisar na internet sobre bombons caseiros e comecei a produzir”, disse.
Não demorou muito para ela retornar ao bairro Cerâmica Cil. A jovem de 26 anos começou a fazer novos doces e conquistou o paladar de toda a comunidade. Tudo parecia estar bem até ocorrer a separação do marido, que lhe deixou endividada.
Com crises de ansiedade e três filhos para cuidar, ela abdicou do seu negócio por algum tempo, mas logo decidiu retornar.
ESTUDAR FEZ A DIFERENÇA
A mãe solo enfrentou as adversidades investindo em conhecimento. Dentre tantos cursos virtuais e presenciais, uma formação de microempreendedor expandiu seus planos na área da confeitaria.
Os professores incentivaram Atanázia a retornar sua produção de bombons para vender na instituição. Mesmo tímida, ela aceitou a ideia.
“As pessoas almoçavam (por) lá e queriam um docinho após a refeição. Então, eu levava, além dos bombons, bolo de pote e brigadeiro. Só que eu nunca oferecia a ninguém, eu ficava esperando o pessoal vir me pedir. Os professores já compraram todo o isopor só para me ajudar”, pontuou.
Durante o percurso para chegar ao local, a jovem percebeu que poderia levar seu empreendimento às ruas, pois os usuários do transporte coletivo sempre perguntavam quais produtos ela estava vendendo.
“Nas paradas de ônibus e dentro do próprio transporte, as pessoas me abordavam para saber o que tinha no isopor e compravam os chocolates. Como eu era muito envergonhada, escrevi em um papel o conteúdo da caixa e o valor de cada unidade, pois eu evitava ter contato”, declarou.
AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS NAS RUAS
Após realizar o curso de microempreendedorismo, Atanázia se tornou uma profissional mais observadora e aproveitou cada oportunidade para vender seus produtos. Quando realizava entregas em sua bicicleta, ela percebeu que alguém sempre a abordava para saber se ela tinha doces.
Dessa forma, a empreendedora começou a fazer as entregas a pé, com o intuito de oferecer os chocolates aos moradores da comunidade durante o percurso.
“Como muita gente do bairro já conhece meu trabalho, eu fiz isso e comecei a vender mais. Em seguida, levei os doces aos bares da região porque os frequentadores sabem quem sou eu e apoiam o meu negócio. Não precisei oferecer para eles comprarem”, salientou.
O PRIMEIRO DESAFIO
Como precisava perder a vergonha de abordar as pessoas para vender os chocolates. Tan desafiou a si mesma e decidiu trabalhar durante o Corso de Teresina, realizado no último mês de fevereiro.
Com uma tiara colorida e as instruções do atual namorado experiente em vendas, a jovem levou seu isopor cheio de doces e de esperança para expandir seu negócio.
“Durante o corso, eu vendi somente a metade de tudo que levei. Mas, quando retornei à comunidade, vi que os bares estavam fazendo festinhas de carnaval e aproveitei a chance para vender o resto. Cheguei em casa com o isopor vazio”, disse.
O APRENDIZADO CONTINUA
Empreender nas ruas ainda é desafiador par ela. Diariamente, a mãe solo tenta vencer as barreiras do medo e da vergonha, fatores que podem impedir a prosperidade do seu negócio.
Cada barreira derrubada é motivo de comemoração, pois este é um sinal de que Tan continua acreditando na força do seu trabalho. Para ela, o aprendizado continua.
“Aprendo muito ao observar outros vendedores, como eles agem e como abordam o público. O processo de aprendizagem, para mim, é bastante complexo, mas sigo evoluindo cada vez mais”, concluiu.
*Sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso.
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