
Isadora Cavalcante e Eric Souza
isadora.cavalcante@tvclube.com.br
Uma adolescente de 16 anos foi vítima de ofensas racistas após vencer o desfile de uma gincana de uma escolar particular, no Centro de Teresina, no início deste mês.
Áudios gravados por estudantes e obtidos pela TV Clube classificam a vitória da colega como “roubo” e chamam-na de “lixo”. Confira as transcrições acima.
O pai da jovem, Claudinilson Martins, explica que, durante a prova escolar, a filha representou Mandara, guerreira negra da comunidade de Quilombo dos Palmares.
“Os jurados a escolheram de forma unânime. Então, no domingo, um grupo de um aplicativo começou a criticá-la por ser negra. Já na segunda, uma amiga ligou e disse que ela não deveria ir para a escola, pois alguns alunos queriam zombar dela”, lembra.
No dia seguinte, a adolescente foi às aulas, mas pediu ao pai que a buscasse mais cedo. O coordenador da escola garantiu a Claudinilson que os estudantes foram identificados e serão suspensos.
“Ela ficou triste, deprimida e calada. É uma pessoa alegre, com muitas amigas, que também ficaram tristes com o episódio. Me senti revoltado porque já sofri bullying quando era adolescente, até deixei de estudar. Não queria que isso acontecesse com minha filha”, lamenta.
Segundo o advogado da família, Chrystopher Luan, o fato foi noticiado ao Ministério Público do Piauí (MP-PI). No momento, a defesa reúne provas para levar o caso também à Polícia Civil, que pode comprovar a materialidade e a autoria do crime.
“Ainda não sabemos se os autores das ofensas são menores. Caso sejam, responderão conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Mas, se não forem, podem ser condenados por injúria racial, cuja pena varia de dois a cinco anos de prisão e multa”, aponta.
Leia a íntegra da nota divulgada pela escola:
Desde que tomou conhecimento do ocorrido, a Escola imediatamente buscou identificar os envolvidos. Após a confirmação da identidade de um aluno como autor dos áudios, seus responsáveis foram chamados e o aluno foi penalizado conforme dispõe o regimento interno desta instituição.
Reafirmamos nossa solidariedade à aluna e nosso apoio integral à família, com quem temos mantido contato direto. Lembramos que a luta contra o racismo é diária e cabe a todos nós atuar para que episódios como esse não se repitam.