O orixá Omulu (Obaluaiyê) vai guiar o ano de 2024. “Não apenas para essa regência anual, mas em nossas vidas, ele solicita silêncio, reflexão e, acima de tudo, valorização e respeito à vida em nossos atos individuais e coletivos”.
A citação é da Mãe Maria Clara de Obaluaiyê, sacerdotisa e mãe de santo do Terreiro Pai Tomáz de Angola na cidade de Altos (PI). Ela esclarece que, a partir da nação Candomblé Nagô-Ketu, “a regência do Orixá que determinará nosso ano se dá por meio do jogo de búzios direcionado à Família”.
Omolu, segundo a sacerdotisa, mostra que a saúde é um bem precioso e que tê-la é nossa maior riqueza. A doença, segundo este orixá, ensina sobre a importância desse bem.
“Um ano regido pelas bênçãos de Omolu deve ser um ano marcado pelo respeito ao nosso bem-estar e pela busca por uma longevidade saudável. Isso nos indica que a sociedade tem enfrentado problemas de saúde”, diz.
Mãe Maria Clara de Obaluaiyê também cita em entrevista ao Portal ClubeNews que “a falta de empatia tem causado danos ao mundo e que a cura dos males sociais depende do cuidado coletivo, do respeito às diferenças e do reconhecimento do direito de cada indivíduo a ser, estar e existir”.
Quem é Omolú/Obaluaiyê?
A sacerdotisa, que também é especialista em Africandidades e Cultura Afro-brasileira, apresenta Obaluaiyê – “Senhor, Rei da Terra” – como “dono de todas as riquezas da Terra”. O orixá é conhecido por diversas denominações na língua Yorubá, tais como Atotô, Omolú, Xapanã, Sapatá, entre outras.
“Ele é o Orixá da doença e da cura, da sabedoria e é também reconhecido como o Rei-Sol. Para proteger os mistérios e segredos que guarda, cobre todo seu corpo com as palhas da costa, pois seu brilho e beleza são intensos e poderiam nos ofuscar”, acrescenta.
Para a mãe de santo, “Atotô representa a própria doença que, paradoxalmente, possibilita a restauração. Ele está associado à febre, aos sintomas e às feridas. Em uma perspectiva ocidental, a doença geralmente é vista como algo indesejado e prejudicial. No entanto, para nós do Terreiro, a doença é considerada uma divindade, pois sua manifestação nos alerta sobre a necessidade de cuidarmos e nos orienta sobre os procedimentos para restabelecer nossa saúde”, ressalta.
“Atotô se manifesta para evitar a morte prematura em nossas vidas. A partir do reconhecimento dos sintomas, iniciamos o processo de cuidado com nossa saúde. Sem a manifestação de Omolú, estaríamos desprotegidos e enfrentaríamos uma morte prematura, sem propósito e em ausência de empatia”.
Como receber Omolú/Obaluayê em 2024?
Mãe Maria Clara de Obaluaiyê recorda o provérbio Yorubá que diz: “Ayanmó ni Iwá Pèlé, Iwá Pèlé ni ayanmó”, que significa “a melhor oferenda para o Orixá é o bom caráter”.
“Nossa ancestralidade nos ensina que, a partir de nosso ori (cabeça), okan (coração) e pés alinhados no bom caráter, podemos manter uma vida farta de boas colheitas”, explica.
No mês de agosto, nas tradicionais cerimônias do Olubajé nos Terreiros, um banquete é dedicado ao Rei. “Esta é uma grande ebó, um ritual sagrado para Obaluaiyê, no qual servimos sua mesa e o reverenciamos, pedindo que o Rei sempre nos olhe com bons olhos e afaste de nós a morte prematura”.
A principal comida oferecida ao Omolú é o Deburu, que são as pipocas servidas ao Orixá. “Elas representam as flores de Obaluaiyê, e através do fogo, os grãos estouram, simbolizando a transmutação de nossas vidas. Passamos pela quentura para nos transformarmos, dando espaço a novos ciclos, novas oportunidades e a renovação”.
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