Nesta terça-feira (24) é comemorado o Dia de São João Batista, um dos santos mais conhecidos e venerados pela Igreja Católica, especialmente na região Nordeste, onde a tradição inclui o acendimento de fogueiras nas ruas.

João Batista teve grande relevância na Bíblia, sendo primo e precursor de Jesus Cristo, além de ser o responsável por batizá-lo nas águas do Rio Jordão, em um local conhecido como Betânia Além-Jordão, na atual Jordânia.

Segundo o padre Valdiano Araújo, da Diaconia da Saúde e de Santa Teresa D’Ávila, em Teresina, uma das principais características de João Batista era a simplicidade. Ele vivia no deserto e tinha como missão preparar o caminho para Jesus, pregando e batizando o povo.

“Mais do que um vínculo de sangue havia entre eles [João e Jesus] uma ligação espiritual profunda. Inclusive, quando Maria [mãe de Jesus] estava grávida e visitou Isabel [mãe de João], a criança que estava no ventre de Isabel pulou de alegria. João Batista também reconhece Jesus como ‘Cordeiro de Deus’. Observe que em muitas imagens de João Batista ele está apontando o dedo, reconhecendo Jesus como Cordeiro de Deus”, explicou.

O episódio do batismo de Cristo, relatado nos evangelhos de Mateus (3:13-17), Marcos (1:9-11) e Lucas (3:21-22), marca o início da vida pública de Jesus. A festa é celebrada na fé católica no mês de janeiro, no domingo após a Epifania, encerrando o Tempo do Natal e iniciando o Tempo Comum.

Por que a data é comemorada dia 24 de junho?

A escolha da data para celebrar o Dia de São João é fundamentada na Bíblia. Como João Batista era cerca de seis meses mais velho que Jesus, sua celebração ocorre exatamente seis meses antes do Natal, data que marca o nascimento de Cristo.

“Quando o anjo visitou Maria, ele disse ‘Esse é o sexto mês de gravidez daquela que era considerada estéril’. Então, São João Batista é seis meses mais velho que Jesus. Por isso, celebramos no dia 24 de junho, seis meses antes da festa do Natal”, pontuou o padre Valdiano.

O santo recebe uma devoção especial da Igreja Católica, sendo o único, além de Nossa Senhora, que tem uma festa dedicada ao dia do seu nascimento.

De acordo com o sacerdote, outra peculiaridade sobre o primo de Cristo é que foram instituídos dois dias para lembrar a história do santo: o nascimento, em 24 de junho, e a morte, em 29 de agosto.

“É uma das raras festas em que se celebra o nascimento de um santo. Isso mostra a grandeza da missão que ele recebeu”, ressaltou.

Fogueiras

Embora não esteja precisamente pautada no livro sagrado cristão, popularmente, sobretudo no Nordeste, foi criada a tradição de acender fogueiras no dia de São João.

O padre Valdiano explicou ao Portal ClubeNews que o costume remete a uma tradição antiga compartilhada entre gerações sobre o anúncio do nascimento do profeta à mãe de Jesus, o que teria ocorrido por meio de uma fogueira acesa em uma montanha.

“Santa Isabel, mãe de João, acendeu uma fogueira no alto de uma montanha para avisar à sua prima Maria que o menino nasceu. Então, é um sinal de alegria, de anúncio. Com o tempo, isso virou símbolo das festas juninas, que antigamente eram chamadas de ‘joaninas’. Então, a fogueira aquece, ilumina, reúne as pessoas, como a missão de João Batista, que trouxe luz para acolher Jesus”, disse.

Por que o Nordeste ama São João?

A celebração de São João ocorre em um dos meses mais esperados pelo nordestinos, marcado por música, brincadeiras, comidas típicas e tradições.

As festas juninas misturam religiosidade e cultura. Para o padre Valdiano, o santo ganhou o coração do público por ser associado à fartura, alegria e à esperança.

“No nosso Nordeste, principalmente, ele é celebrado como o ‘protetor das colheitas’, das chuvas, da fartura e da alegria nas comunidades. Então, é um santo que fala diretamente à alma do nosso povo”, destacou.

São João Batista também se diferencia pela humildade ao colocar-se como inferior a Cristo e não buscando aproveitar-se da grandeza de Jesus.

“João Batista tinha tudo para crescer às custas de Jesus. Muita gente achava que João era o Messias, que seria o Salvador, mas se João fosse um charlatão, teria se aproveitado da situação”, concluiu o padre.