12 de julho de 2025

Clínica de estética em Teresina vende caneta Mounjaro de forma irregular

Eduardo Amorim

Editor
Publicado em 02/05/2025 19:25

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Medicamento Mounjaro (Foto: Reprodução)

O medicamento Mounjaro, utilizado no tratamento do diabetes tipo 2, deve chegar às farmácias brasileiras a partir da segunda quinzena de maio. A medicação ganhou popularidade por ser também usada com fins estéticos, sendo conhecida como “caneta emagrecedora”.

Apesar da previsão divulgada pela farmacêutica Eli Lilly, responsável pela produção, estabelecimentos do Piauí e do Maranhão já estariam vendendo o remédio de forma fracionada e sem exigência de receita médica.

Segundo reportagem do G1, clínicas anunciam o produto por meio das redes sociais e do WhatsApp, oferecendo uma avaliação corporal e consulta realizada pela própria proprietária de uma das unidades em Teresina.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que apenas farmácias e drogarias podem comercializar o medicamento, mediante apresentação de receita médica. Além disso, a venda por dose é proibida, uma vez que a embalagem do Mounjaro não é registrada como fracionável.

A Eli Lilly reforça que o medicamento original ainda não está à venda no Brasil e alerta para os riscos do uso de versões falsificadas. “Esses produtos podem ser falsos ou estão sendo ‘revendidos’ por indivíduos que os obtiveram por outros meios”, informou a empresa em nota.

Venda irregular em clínica de Teresina

Ainda conforme o G1, uma clínica de estética em Teresina anunciava o Mounjaro por WhatsApp, permitindo a aquisição do produto mesmo sem prescrição. Durante conversa com uma atendente, foi relatado que a dona, uma nutricionista identificada como Lanna, era quem realizava os exames necessários. Nenhum médico foi encontrado no local durante a apuração.

Anuncio feito por clínica estética em Teresina. (Foto: Reprodução)

Questionada, Lanna afirmou que o atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar. No entanto, ao conversar com uma repórter que não se identificou como jornalista, ela alegou que sua experiência era baseada em uso próprio do medicamento.

“Eu perdi 21 kg. Fiz primeiro em mim para depois vender. Eu precisava saber o que meu cliente sentia, quais eram os efeitos colaterais. Só comecei a trabalhar com o Mounjaro depois que emagreci”, declarou.

Conversa do G1 com a dona da empresa de estética. (Foto: G1)

Contrabando e apreensões

A Eli Lilly informou que é a única fornecedora legal da tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, e não distribui o produto a farmácias de manipulação, spas, centros de bem-estar, varejistas online ou outros fabricantes.

Dados da Receita Federal indicam que o contrabando do medicamento aumentou em 2025. Apenas no primeiro trimestre do ano, o valor das canetas apreendidas chegou a R$ 1,2 milhão — 74% a mais que em todo o ano de 2024. Já a Polícia Federal apreendeu 1.313 unidades nos últimos 12 meses, sendo 1.079 apenas neste ano.

Prescrição e alerta médico

Embora o uso do Mounjaro para emagrecimento ainda não tenha sido liberado oficialmente no Brasil, médicos já podem prescrevê-lo com essa finalidade, desde que avaliem que os benefícios superam os riscos.

Em entrevista à TV Clube, o cirurgião bariátrico Daniel Parente alertou para os riscos do uso indiscriminado das chamadas “canetinhas emagrecedoras”, como o Ozempic e o próprio Mounjaro.

“Essas canetas são utilizadas não apenas para emagrecimento, mas também no tratamento de doenças associadas à obesidade, como diabetes, hipertensão e dislipidemia. No entanto, esse uso requer acompanhamento médico. Se utilizadas de forma inadequada, podem causar efeitos colaterais graves, como hipoglicemia e problemas intestinais”, explicou.

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