3 de julho de 2025

Não vou ser leviano e permitir que situações aconteçam sem meu conhecimento, diz Charles da Silveira ao deixar FMS

O professor pediu exoneração da pasta no final da manhã de quarta-feira (2).

Jonas Carvalho

Repórter
Publicado há 10 horas

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O professor Charles da Silveira alegou a quebra de hierarquização no comando da Fundação Municipal de Saúde (FMS) e divergências de pensamento com o prefeito Silvio Mendes (União Brasil) como alguns dos motivos que o fizeram deixar a presidência da pasta.

Charles da Silveira, em entrevista à TV Clube, nesta quinta-feira (3), revelou que decisões administrativas estavam sendo tomadas sem o seu consentimento após contatos diretos com gerentes e chefes de unidades hospitalares. Evitando citar nomes, o ex-presidente disse que a situação tornou-se insustentável.

“O que estava acontecendo? Tinha os gerentes e chefes de unidades de hospitais, que estavam sendo chamados para que adotassem procedimentos administrativos sem que eu tomasse conhecimento. Eu não vou ser leviano e nem irresponsável para conduzir um processo e uma instituição, que tem quase 10 mil pessoas, permitindo que algumas situações aconteçam sem o meu conhecimento”, pontuou.

Um dos pontos citados por Charles da Silveira foi a necessidade de repor o quadro efetivo da FMS mediante a aposentadoria de servidores concursados. O professor disse que, legalmente, profissionais aprovados no último concurso da instituição deveriam ser convocados para preencher as vagas. No entanto, Charles disse que ação foi barrada pelo prefeito.

“Nós tivemos, de janeiro para cá, quase 50 aposentadorias. Todo dia tem aposentadoria lá. Nós fizemos a filtragem e pedimos a nomeação de 25. Nunca recebemos resposta. Então, há uma divergência. O prefeito entende que não é para chamar ninguém e eu entendo que é direito deles”, afirmou.

Burocracia administrativa

Atualmente, a Fundação Municipal de Saúde possui cerca de R$ 100 milhões em conta parados por entraves burocráticos. Charles da Silveira criticou a mudança aprovada por Silvio Mendes, alterando a execução orçamentária da pasta – até então centralizada na Secretaria de Finanças (Semf) – para a Secretaria de Planejamento (Semplan). O fato teria provocado maior lentidão nas ações da FMS.

“Eu acho que isso é um equívoco. Mas quem faz o juízo de valor é o prefeito. Ele quem foi eleito. Nós temos mais de R$ 100 milhões para pagar hospitais conveniados, para pagar a rede que trabalha, sustentar nossos hospitais, mas temos a capacidade de atualizar os pagamentos de janeiro até hoje. Isso não se efetiva. É uma burocracia desmedida”, criticou.

Divergentes, mas amigos

Apesar do desentendimento de gestão, Charles da Silveira manteve tom de cordialidade com o prefeito Silvio Mendes e disse que mantém o clima de respeito com o Chefe do Executivo Municipal.

“Existe uma divergência de pensamento minha com relação ao prefeito. Ocorre que o prefeito foi eleito pela população e o entendimento dele é que vai prevalecer. Agora, eu como gestor não posso e nem devo me submeter àquilo que eu não acredito e o que eu acho que não é o correto”, concluiu.

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