
Segundo monitoramentos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 2021 é o ano mais crítico relacionado às ocorrências de queimadas no estado do Piauí. Já foram registrados cerca de 855 focos de incêndio entre os meses de janeiro a junho. Se comparado ao mesmo período em 2020, o aumento é de quase 144%, onde foram detectados 350 focos.
Para piorar, o Piauí deveria ter, pelo menos, 3.195 bombeiros militares para, entre as atribuições, combater essas queimadas, mas temos apenas 384, o que representa, 12% do que recomenda a Organização das Nações Unidas – ONU. Só existem sedes da corporação em cinco municípios (Teresina, Floriano, Parnaíba, Picos e Piripiri) e não há concursos em vigência atualmente.
O portal ClubeNews entrou em contato com a Coordenadoria de Comunicação do governo do estado para saber se há uma perspectiva de realização de concurso público para o Corpo de Bombeiros, mas após quase 24 horas, não obtivemos retorno.
Uma alternativa diante da falta de bombeiros são os brigadistas, civis que recebem um treinamento mais simples. No Prevfogo, que pertence ao Ibama, são somente quatro brigadas de incêndio no estado atuando em parceria com as prefeituras. São elas: Uruçuí, Ribeiro Gonçalves, Baixa Grande do Ribeiro e Redenção do Gurguéia. Elas ficam na região do cerrado, onde existe o registro de ocorrência de maiores focos de calor.
Questionado sobre o número ideal de brigadistas para combater os incêndios, o coordenador do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) no Piauí, o instrutor nacional Gildênio Sousa, comentou que o papel principal da equipe é conscientizar os moradores. Por isso, o número ideal seria o “menor possível”.
“Na verdade, o número ideal é o menor possível, partindo do pressuposto que o objetivo maior é de conscientização e mudança de comportamento da sociedade sobre incêndios. É responsabilidade de toda a sociedade civil a prevenção às queimadas e cabe aos gestores municipais constituírem suas brigadas”, disse o instrutor.
As capacitações de educação ambiental e técnicas de queima controlada para pequenos trabalhadores rurais, organizadas pela Prevfogo foram canceladas, devido às restrições durante o período da pandemia do novo coronavírus e o decreto de distanciamento social.
Causas
Apesar de ainda não ser o pior período de seca, nos meses de junho e julho existe um processo de preparação para a transição para a estação seca, como explica o climatologista da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) Werton Costa. “Estamos em um período em que a cobertura de nuvens ou nebulosidade do céu é bem menor do que nos meses anteriores. Com a diminuição da cobertura de nuvens temos uma entrada mais vigorosa do sol, então aumenta a entrada de energia radiante ou insolação”, ressaltou.
O climatologista explica que além da ação humana provocada pelo valor cultural, que são as práticas das queimadas como um instrumento para limpeza de um terreno para a preparação dele para cultivo, existe também uma condição natural facilitadora que é o tempo mais seco, solos menos úmidos e a vegetação ressecada. Esses fatores agem como combustíveis naturais.
“Os picos de queimadas tendem a aumentar naturalmente na medida que nós avançamos para os meses mais quentes e mais secos, que são chamados os meses do BR-O-BRÓ, os meses de primavera. Além disso, nós avançamos para o período do calendário agrícola, que é chamado de pré-estação no sul do Estado. Você tem a convergência entre a condição seca e a condição de calendário agrícola, fator cultural. Assim, as queimadas tendem, exponencialmente a serem ampliadas.”, diz.
Cuidados
Os especialistas fazem alerta para as queimadas, até mesmo no quintal de casa. É necessário seguir as recomendações e ampliar a fiscalização, inclusive naqueles casos em que a queimada for efetivamente autorizada.
Em 2020, o Governo Federal proibiu a realização de queimadas em todo o país por 120 dias. A finalidade era reduzir os incêndios em florestas no período de seca. A determinação está no Decreto 10.424/20, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, publicado no Diário Oficial da União, do dia 16 de julho.
“O decreto autoriza as queimadas controladas em áreas que não estejam localizadas na Amazônia Legal e no Pantanal, quando imprescindíveis à realização de práticas agrícolas, e desde que autorizadas previamente pelo órgão ambiental estadual”, ressalta nota do Governo Federal.
Capacitação
Iniciou na segunda-feira (19), com duração de três dias, um treinamento de combate às chamas no município de Beneditinos. O projeto é uma parceria entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Corpo De Bombeiros e o Exército Brasileiro (EB).
Essa capacitação contará com a participação de 30 integrantes. Entre eles, oficiais, praças do Corpo de Bombeiros, Soldados e Oficiais do EB que farão parte do time de brigadistas.
O Curso de formação de brigadas de prevenção e combate aos Incêndios Florestais tem a intenção de expandir o número de brigadistas que atuam no combate de incêndios florestais. Está previsto para agosto, a abertura da segunda turma de treinamento para brigadistas.
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