
O Piauí registrou 3.387 acidentes de trabalho notificados em 2024, de acordo com Boletim Informativo de Saúde (BIS), divulgado nesta terça-feira (18). Os dados, coletados pelo Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), expõem que a maioria das vítimas é formada por homens, pardos e com baixa escolaridade, atuando em condições precárias e setores de alto risco.
O trabalhador piauiense vítima de acidente em 2024 é, em sua maioria, um homem com baixa proteção social e educacional:
- Gênero: O gênero masculino domina as estatísticas, representando 88,6% dos casos, refletindo a segregação ocupacional em setores historicamente ocupados por homens, como a construção civil e a agropecuária.
- Raça/Cor: Trabalhadores de raça/cor parda são os mais afetados, totalizando 74,3% dos acidentes, seguidos pelos pretos com 7,6%. Juntos, pardos e pretos representam 81,9% das vítimas.
- Escolaridade: O maior percentual de acidentes ocorreu com quem possui o Ensino Fundamental incompleto (17,4%), seguido por aqueles com Ensino Médio completo (16,9%).
A precariedade do vínculo de trabalho revela-se um fator determinante na alta prevalência de acidentes no Piauí. O relatório aponta que quase metade das vítimas está na informalidade ou atua em condições precárias. Os autônomos lideram as estatísticas, sendo responsáveis por 34,2% dos casos , somando-se aos empregados não registrados, que representam 14,5% das vítimas.

A concentração desses acidentes ocorre em ocupações de alto risco, como pedreiros, com 14,52% dos casos (492 acidentes) , trabalhadores agropecuários em geral, com 13,75% (466 acidentes) , e motociclistas no transporte de documentos e pequenos volumes, que somam 6,91% dos registros (234 acidentes).

Falta de dados
Apesar dos dados, o problema pode ser maior por uma crise de informação sistêmica. A análise territorial do Cerest revelou “vazios de dados”: o território Vale do Sambito apresenta o cenário mais crítico de subnotificação, com 92,86% dos seus 14 municípios sem nenhuma notificação em 2024 , seguido pelo Vale dos Rios Piauí e Itaueira, onde 85,71% dos municípios também não registraram casos.
Outras regiões como Serra da Capivara (80% sem notificação) e Cocais (86,96% sem notificação) também demonstram graves lacunas de vigilância.
Além da subnotificação geográfica, a qualidade da informação está comprometida pela falta de preenchimento de campos cruciais: o desfecho está ignorado ou em branco em 37,0% dos registros , o campo “Escolaridade” foi deixado em branco em mais de 40% dos casos , e o “Vínculo Empregatício” apresenta 21,1% de registros ignorados.
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