"Fundamental para revelar as desigualdades contra a população negra", diz pesquisador sobre o 20/11

Em entrevista ao Portal ClubeNews, o professor Feliciano José Bezerra, destaca que a data representa um marco no calendário oficial do país e vem a partir de muitas manifestações em prol da causa.

Jovem negro – (Agência Brasil)

Nesta quarta-feira (20), o Brasil celebra pela primeira vez como feriado nacional, o Dia da Consciência Negra. A data lembra a morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares (em 1695). Anteriormente, apenas seis estados brasileiros tinham o 20 de novembro como feriado estadual.

Para o professor Feliciano José Bezerra, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro da Universidade Estadual do Piauí- Uespi, o feriado nacional da Consciência Negra representa um marco no calendário oficial do país e vem a partir de muitas manifestações em prol da causa.

“Data que celebra e faz um chamamento de conscientização de nossa realidade, para que não sejamos omissos diante do contexto histórico do passado e reflitamos sobre o presente e o futuro. Tornar-se feriado se faz necessário para que a atenção seja voltada e se destaque a importância da luta histórica do líder Zumbi dos Palmares, e que sirva de parâmetro para os desafios de afirmação da negritude brasileira”, destacou.

Em entrevista ao Portal ClubeNews, o professor ressalta que a data é uma oportunidade de revelar desigualdades e a violência contra a população negra ainda presente, além de evidenciar propostas como a Lei  nº10. 639, que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira.

“Nos últimos anos tivemos pequenos avanços, algumas políticas públicas, o implemento de cotas raciais, a Lei 10.639. Mas muito longe da reparação da dívida histórica que o país tem para com a população negra, é necessário maior coragem nas lutas, na conscientização, no letramento racial, na denúncia e no cumprimento da legislação contra o racismo, na defesa e implantação de políticas públicas que busquem a igualdade racial.” explicou.

Professor Feliciano Bezerra (Foto: Arquivo Pessoal/reprodução)

Dados estatísticos

O professor destaca que as estatísticas mostram que o maior número de desempregados encontra-se na população negra, e que tem menor presença em espaços escolares e carreiras acadêmicas. Essa percepção foi apresentada em uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dados referentes ao ano de 2023, divulgados pelo instituto, que fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, mostram que a taxa de desocupação de mulheres e negros encerrou 2023 acima da média nacional.

Conforme os números, a população negra apresentou taxa de desemprego de 8,9% e no caso dos pardos foi de 8,5%, os dois grupos encerraram com índices acima da média nacional. Em comparação, a população branca encerrou com 5,9%.

Perspectivas para o futuro 

Ainda segundo o professor, o debate em torno do povo negro na sociedade brasileira tem recebido mais destaque na sociedade atual e foi citado, por exemplo, no tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio.

Para pensar o futuro, ele ressalta a importância de investimento nas novas gerações, em busca da formação de uma sociedade mais igualitária.

“Tem sido mais presente, pela insistente e contundente ação de grupos, entidades, atores sociais e políticos, educadores, legisladores empenhados no combate ao racismo e a todas as estruturas que o sustentam. O investimento nas novas gerações é fundamental, ainda que, até em maior proporção, tenhamos que lutar contra as forças retrógradas e de manutenção de uma mentalidade racista, que insiste e se espalha assustadoramente”.

*Estagiário sob a supervisão da jornalista Malu Barreto 

 

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