Wenner Melo
Advogado. Publicista. Mestrando em Direito. Graduado em Comércio Exterior. Membro da Associação Brasileira de Direito Processual Constitucional (ABDCP).
Hoje, 7 de janeiro, comemoramos o Dia do Leitor. Uma data que nos convida a celebrar não somente os livros, mas a experiência mágica e íntima de lermos cada um deles. Uma homenagem, um lembrete, um convite: no silêncio de cada página, algo desperta. Ler é entrar em contato com o que há de mais humano.
“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”[1]. E nós, leitores, aprendemos a cada livro aberto. Sobre o mundo, sobre o outro e, sem perceber, sobre nós. Cada leitura, uma conversa, um encontro. Em algumas, respostas; em outras, aprendemos a lidar com as perguntas.
Existe uma beleza silenciosa no ato de ler. O mundo, um caos, mas quando imerso, há uma pausa. O tempo desacelera, permitindo ouvir vozes que vêm de longe. Pode ser a poesia de Cecília Meireles, sussurrando: “aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e voltar sempre inteira”[2]. Ou as reflexões de Machado de Assis em Memórias Póstumas: “não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”[3].
Ler é essa capacidade de transitar entre o riso e a melancolia, entre o sonho e a realidade, sempre com o coração aberto! E é nisso que reside a força da leitura: ensina a conviver com as incertezas. “A arte existe porque a vida não basta”[4]. Leitura e arte, essa ponte entre o que se tem e o que se busca.
Por que ler?
Um gesto simples, mas de profundo impacto. Abri um livro! Cada palavra, frase, uma oportunidade. “Sou como você me vê”[5]. Os livros permitem que os vejamos com os olhos que temos naquele momento. E, em troca, eles também nos enxergam. “Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente… e não a gente a ele”[6]. Uma história, uma frase, uma palavra parecem capturar o que estamos sentindo.
É expandir horizontes! Quando escolhes, aceitas um convite para enxergar o mundo sob outra perspectiva. A literatura amplia a vida! Em cada história, novas oportunidades. Não há limites, não há regras: revisitar o Brasil do século XIX com Machado de Assis, entrar nos sonhos tortuosos de Torquato Neto, viajar para o sertão mítico de Guimarães Rosa. Cada leitura, uma experiência.
Convida-nos a sermos curiosos, inquietos, vivos! Sem imaginação, o homem não é nada! Ler é a coragem de imaginar, de sonhar, é confrontar (antes contornar) verdades que evitamos! É essa inquietação que faz da leitura uma das experiências mais transformadoras que podemos viver.
Como? Por onde?
Não exige métodos, fórmulas. “Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprenderam a ler e não leem”[7]. Eis o convite. Não importa onde parou, recomece!
Apenas leia! Leia pela capa, pela indicação, leia! “Vou-me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei”[8]. A leitura cria um mundo só seu, onde você é amigo do rei e pode viver mil vidas sem sair do lugar.
Algo dentro se move! Um poema, uma crônica, aquilo movimenta as engrenagens. Quando lemos, tudo muda.
Leia sem moderação
Ler é uma conversa aberta! Ler sobre sua área de atuação é essencial, mas, vá além: romances, poesias, crônicas. “Lá sou amigo do rei”[9]. A leitura constrói seu próprio reino, onde a imaginação não conhece fronteiras. Quando liberta, liberta quem a escuta. Não se limite ao útil, ao necessário. Leia poesia, mesmo sem nunca as tenha lido. Leia contos, crônicas, textos que desafiem suas crenças. Melhor que não seja um compromisso sério, denso, melhor se deixar levar pelo inesperado. “Tudo é perigoso, mas tudo é tão divino maravilhoso”[10]. A leitura é uma aventura sem garantias!
Um convite
Se estivesse aqui, Nelson Rodrigues exortaria: sem imaginação, o homem não é nada. É a imaginação, alimentada pelas histórias lidas, que nos leva a criar, sonhar, compreender o incompreensível da vida. “É preciso estar atento e forte”[11]. A leitura pede atenção, não aquela da superficialidade da modernidade, mas um tipo de presença profunda.
“Um galo sozinho não tece uma manhã”[12]. Uma história leva a outra, um livro ao outro. Quanto mais lidos, mais conexões! A curiosidade mantém viva essa rede. Leia por informação, leia para sonhar! Um poema, uma crônica cotidiana de Rodrigues, uma narrativa inusitada. Mantenha-se aberto ao que o livro tem a oferecer.
[1] João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas.
[2] Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência.
[3] Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
[4] Ferreira Gullar, Poema Sujo.
[5] Clarice Lispector, A Descoberta do Mundo.
[6] Mario Quintana, Esconderijos do Tempo.
[7] Mario Quintana, Esconderijos do Tempo.
[8] Manuel Bandeira, Vou-me Embora pra Pasárgada.
[9] Manuel Bandeira, Vou-me Embora pra Pasárgada.
[10] Gilberto Gil e Caetano Veloso. Divino Maravilhoso.
[11] Gilberto Gil e Caetano Veloso. Divino Maravilhoso.
[12] João Cabral de Melo Neto, Tecendo a Manhã.
Siga o Portal ClubeNews no Instagram e no Facebook.
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp e Entre na nossa comunidade.
Confira as últimas notícias: clique aqui!
∴ Compartilhar