Câncer de próstata mata 16 mil homens e mil pênis são amputados por ano, aponta SBU

Urologista afirma que a pandemia reduziu em 80% movimento nos consultórios e aumentou casos avançados

Durante a pandemia o movimento nos consultórios caiu cerca de 80%. (Foto: portal ClubeNews)

Ir ao urologista em 2021 não estava nos planos do contador Fábio*, de 45 anos. A consulta foi motivada por um desconforto na região do pênis e a dúvida sobre que diagnóstico poderia ter. “Eu fiquei com medo de ser algo grave, mas maior do que o medo é a vergonha de procurar o médico nesses casos”, explica o paciente, que pediu para não ser identificado, e confessou que não faz exames preventivos regularmente.

O comportamento de Fábio não é um caso isolado, de acordo com médicos e autoridades de saúde. No mês marcado como Novembro Azul, em alerta ao perigo para este tipo de atitude, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) divulgou dados alarmantes. Entre 2019 e 2020, foram um total de 6.174 diagnósticos de câncer de pênis no Brasil e 1.092 pacientes tiveram o órgão amputado.

Durante a pandemia o movimento nos consultórios caiu cerca de 80%. De acordo com o médico urologista Lázaro Soares, já é possível identificar um aumento de casos avançados e complicados pelo acompanhamento que deixou de ser feito na pandemia.

“A pandemia afastou os homens dos consultórios urológicos e o câncer de próstata, como uma doença insidiosa e que depende de prevenção e alto grau de suspeição por parte do médico, tem apresentando baixos índices de diagnóstico precoce e tratamento”, afirma o urologista.

Médico urologista Lázaro Soares. (Foto: arquivo pessoal)

Causas e consequências
A falta de higiene e o vírus HPV (papilomavírus humano), Doença Sexualmente Transmissível, são os principais fatores que podem causar o câncer de pênis.

No caso do câncer de próstata há relação com o aumento das taxas de determinados hormônios, níveis elevados de andrógenos (hormônios masculinos, como a testosterona) que promovem o crescimento celular da próstata, entre outros fatores como idade, casos na família, alimentação, tabagismo, sedentarismo e obesidade.

O que fazer?
O médico Lázaro Soares faz um alerta sobre a necessidade de um diagnóstico o mais rápido possível. “O diagnóstico precoce ainda é muito aquém do necessário e se agrava quando tradicionalmente o homem americano experimenta uma das maiores incidências mundiais da doença”.

Para o especialista, as estratégias de rastreamento com consultas periódicas devem ser estimuladas. “O diagnóstico precoce além de aumentar as taxas de cura reduz as complicações e sequelas da doença no médio e longo prazo”.

O câncer de pênis preocupa pelo aumento no número de casos nos últimos anos, mas o câncer de próstata ainda é o mais incidente em homens no Brasil. Segundo dados do Inca, ele corresponde a 29,2% dos tumores diagnosticados em pessoas do sexo masculino e matou quase 16 mil pessoas no ano de 2020. Em 2021, a estimativa é que 65 mil novos casos sejam identificados.

Lição aprendida
Ainda de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a coleta de biópsia da próstata teve redução de 44% e os exames Antígeno Prostático Específico (PSA) caíram 20% em 2020. As internações de pacientes caíram 16% em todo o país.

Se depender do contador Fábio*, em 2021 os números tendem a ser melhores. Ele diz que a lição foi aprendida. “Eu acho que o susto me fez vencer essa barreira [de falar sobre o assunto] e se sentisse tudo de novo hoje eu não demoraria tanto tempo para procurar ao médico. Aliás, eu aprendi que a gente tem que ir no médico é antes mesmo de sentir alguma coisa, fazer a tal da prevenção”, reconhece o paciente que está realizando um tratamento de câncer.

Tipos de câncer mais comuns entre os homens:

Próstata (65,8 mil novos casos por ano);
Cólon e Reto (20,5 mil)
Traqueia, Brônquio e Pulmão (17,7 mil)
Estômago (13,3 mil)
Cavidade Oral (11,2 mil)
Esôfago (8,6 mil)
Bexiga (7,5 mil)
Laringe (6,4 mil)
Leucemias (5,9 mil)
Sistema Nervoso Central (5,8 mil)

Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca)


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