Malu Barreto
malubarreto@tvclube.com.br
No Piauí, 91% das vítimas da violência letal da polícia são negras. O dado faz parte do estudo da Rede de Observatórios da Segurança, intitulado ‘Pele alvo: a cor da violência policial’, com números obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
A pesquisa detalha a situação de cada região do Brasil, no total, foram 2.653 mortes provocadas pela polícia, sendo 82,7% delas de pessoas negras.
Entre as capitais monitoradas, Teresina ocupa o terceiro lugar com 94% de letalidade da população negra por atividade policial. Esse número expressa uma realidade preocupante.
O professor Marcondes Brito, da Universidade Federal do Piauí, destacou que 73,4% da população se declara como negro no Piauí. “Com esses dados que são oficiais configura-se um genocídio negro anunciado e institucionalizado”.
O professor relembrou ainda o caso de um homem negro que foi morto durante uma ação policial na Grande Santa Maria da Codipi, o homem trabalhava em seu comércio quando foi atingido por um policial.
Marcondes acrescenta que apesar dos dados serem oficiais, as secretarias não fazem essa discussão racializada; “a secretaria apresenta as mortes, mas não detalha os sujeitos que morrem e assim é impossível desenvolver políticas públicas se não conhece a realidade e diante desses dados, o Piauí requer uma ação urgente”.
Falta de políticas públicas eleva a violência
A pesquisa aponta que a crescente violência na capital e em outras cidades do estado do Piauí é consequência de múltiplos fatores, que vão desde a presente desigualdade sociocultural à inócua atuação do Estado no enfrentamento dessas questões com a implementação de políticas públicas, em especial para as juventudes, e falta de investimento nos sistemas de segurança pública e qualificação aos policiais militares.
Outro fator que não se pode deixar de mencionar é que a vertiginosa violência se apresenta como fruto de uma política de segurança pública extremamente equivocada, que, além de não perceber as manifestações do racismo estrutural, ganha contorno na filtragem policial, direcionando as ações policiais para um público específico de “pele-alvo”.
Soma-se a isso a ausência de estratégias no Plano Estadual de Segurança Pública. Omitir-se e/ou ignorar ações voltadas para o enfrentamento da violência de Estado contra pessoas negras contribui significativamente na atuação das forças de segurança e impacta diretamente na configuração desse quadro de letalidade.
Por outro lado, parece haver pouca atuação dos órgãos de controle externo como a Defensoria Pública e o Ministério Público, dentre outros, em relação ao quadro da letalidade que extermina a população negra
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